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terça-feira, março 30, 2004

Das Goiabas - Um Estudo Sociológico De Base Empírica 

Há goiabeiras de goiabas vermelhas e de goiabas brancas, nesse mundo. Algumas pessoas gostam mais das goiabas vermelhas, outras das brancas. Há quem goste só das vermelhas, e quem goste só das brancas. Há quem enjoe das vermelhas e passe para as brancas, e vice-versa. Há também quem dê de ombros e coma qualquer goiaba, sem se importar se é vermelha ou branca. E há quem não goste de goiaba nenhuma. Eu nunca vi nenhuma guerra por goiabas. Nunca vi nenhuma briga de bar por causa de goiabas. Que bom seria se tudo fosse goiabas.

segunda-feira, março 29, 2004

And if a double-decker bus crashes into us... 

Como sempre, não há um milímetro livre no meu quarto, portanto fui arrumar o armário. Mexendo na tralheira, achei uma certa sacola, com minhas lembranças e fotos da Velha Ilha. Putz, um mês de felicidade, como eu fui feliz! A última vez que me lembro de estar tão feliz, eu tinha sete anos. Quando saiu da sacola o mapa de Londres, quase que eu chorei. Se vc tem quinze anos, é xis bolota e sentimental como eu sou, sua vida se divide em antes e depois de Londres. Se Mefistófeles me perguntasse que época eu queria reviver, não hesitaria nem um segundo.
Lembrei de todas aquelas pessoas que eu conheci, mas não conheci, e que depois prometemos não desconhecer... O cheiro! Ainda sinto o cheiro do quarto, da grama, da lama, da lanchonete do campus. Minha cabeça guardou tantos detalhes, desesperada por souvenirs, que me lembro de cada cantinho da escola. Lembro da chave do dormitório, do passarinho no ninho, do orvalho na teia de aranha da grade da quadra de tênis. Lembro das costeletas ridículas do meu professor de gramática... Lembro das Spice Girls e da Cher enchendo o saco no rádio, mas engraçado, não consigo não sorrir quando toca "Believe". Lembro de muitas conversas, no corredor, na lavanderia, na Common Room, na sala do Diretor (uma figura chamada Dennis - eu tenho um soft spot pelos Dennis!), no refeitório. Aquela comida horrorosa, putz grila, e tome carne de carneiro! Desconfio que as vacas é que eram sãs. Foi a primeira vez que considerei seriamente o vegetarianismo, mas não contou muito pq afinal de contas até a carne tinha gosto de chuchu. Lembro da única vez na minha vida em que ri de absolutamente nada por meia hora. E juro que não estava sob efeito de nenhum psicotrópico - eu estava só feliz mesmo. Nem uma gaita de fole às sete da manhã (por uma semana) me tirou o ânimo.
Aulas de teatro, que festa. Aprendemos a fazer chaveiros trançados com lã, e ficávamos dizendo que iam prender nossos passaportes e nos usar como mão de obra barata. Eu usei esse chaveiro até ele quase arrebentar e apesar de tosco, pra mim é o chaveiro mais lindo que há.
Agora estou ouvindo "There is a light that never goes out", dos Smiths. Que saudade daquele sotaque lindo, e principalmente, de ninguém me sacaneando por eu não falar como um cowboy. Que saudade do fog. Que saudade de não ter sol na cabeça, que saudade daquele frio que congelava meu nariz. Que saudade de tudo, até daquele povo distante ao quadrado. Que saudade de sentir saudade dos meus pais e do meu irmão. Que saudade das peças tosquérrimas representadas pelos próprios moradores da minha querida Saffron Walden. Saudade de Londres. Ai, caramba, que saudade dos double-deckers vermelhos, berrando de tão vermelhos...

domingo, março 21, 2004

Reflexo Condicionado (e eu não estou falando de cabelo) 

Já viram como propaganda de supermercado é ruim? Só perde pra comercial de cerveja, que não é só ruim, é irritante. É tão ruim que o comercial da páscoa de um deles é o mesmo do ano passado. Ou seja, é tão ruim que não precisa fazer outro. Pra quê? O garotinho loirinho chatinho vai envelhecer, vai ser preso roubando vale-transporte de velhinha pra comprar pó, e ainda vai estar passando o mesmo comercial... Why bother?
Dizem que eu sou controladora. Eu discordo: sou só muito boa em convencer os outros a fazer o que eu quero. Por exemplo: eu tenho essa teoria que uma pessoa tem revoluções musicais em sua vida, quando descobre que música não é pra alegrar as festinhas (Ooohh!). Pois bem. Começando pelo mais básico, já tinha tentado Legião Urbana com meu Hermano, mas o traste não gostou, grunhiu alguma coisa sobre “um boiola de voz grossa”. Por favor, não me julguem pela minha família. Pois bem, sempre que ele dormia (ou seja, quando não estava comendo ou assistindo novela) eu colocava Nevermind pra tocar. Qual não foi minha alegria hoje ao chegar em casa e pegá-lo cantando no chuveiro! E a letra estava certa, o que implica em buscar a letra na internet. Em busca da Sinapse perdida. Se consegui Nirvana aos 16, de repente consigo The Smiths antes da senilidade.
Ando sonhando com um balde preto, cheio de um líquido muito branco, mas que mancha meus dedos e tudo mais de azul. Enviem-me análises! Adoro análises, especialmente se não tenho que pagar alguém para me convencer estar certo.
Por último, um desafio: onde encontrar Escher e David Bowie juntos? Não vale dizer: “na cama”, “no paraíso”, nem “na internet”.

sábado, março 20, 2004

O Olho de Thundera 

Você pega o 634, em direção à Ilha do Governador, para chegar ao hospital da aeronáutica. E o q vc vê? Primeiro, um monte de velhinhos abarrotados na "área vip", pinball entre o motorista o trocador, tin, tin,tin, velhinho cai no slot... e um monte de lugares vazios atrás. O motorista, que não só ignora passageiros no ponto, como também não espera a esposa do cara que já desceu sair. Uma lojinha de produtos para diabéticos chamada Abelinha Piggy(!). Um velho na janela, e uma pixação "velho" na parede embaixo, com setinha e tudo, apontando para a janela. Um lugar onde se faz "enplante" de alguma coisa. Seis lojas de malhas de algodão, é, seis!, uma do lado da outra. Um muro onde se lê :"Atenção, muro caindo". Um açougue chamado Maktub. Um cara num Audi joga um ovo na galera do ponto (e vc achava q era licença poética do Gabriel!). Um cara entra pela porta da frente, camisa florida vermelha, aberta, correntão de ouro, bermuda florida verde e sapato marrom, aperta a mão do motorista, debate assuntos de importância mundial, como a bunda da passageira que desceu, e pergunta se o motorista conhece um fulano folgado, um assim baixinho, de quem ele reclamou para o chefe, mas pediu pra não acontecer nada muito grave pq o cara era pai. Pede pra descer num shopping: "perái, vou descer aqui, aqui tem cliente!". Um cara de boné de playboy, daqueles apertadérrimos, calça cáqui cargo e sandália, portando o Blue Jack, cuja legenda era "PUNK!", na camisa. Vc passa do ponto pq a trocadora fica cantando musiquinhas do tipo praise da lord e esquece de te avisar o ponto. O milico da porta olha pra vc, sozinha, e pergunta se vc está sozinha. Vc olha prum lado, pro outro, nem um cachorro. Uma coceira de dizer "bem, na verdade eu estou grávida!". O cara no leito do lado do seu avô era cabo, mas um cara estava brincando com o fuzil, sem o pente, e dá-lhe um tiro que arrebentou seu ombro. Por fim, vc patina no leite derramado no meio de uma enfermaria geriátrica. "What a wordenful world!", como já diria a Monsanto... Viva a biblioteca e a locadora! Carpe Diem!

quinta-feira, março 18, 2004

I pur si muove! 

Todos dizem que vc exagera. Que vc é muito intolerante. Mas chega um dia em que as evidências te fazem sorrir, sabendo que vc fez a coisa certa. Por exemplo, quando vc descobre que seu ex-namorado, O Perfeito, O Desentupidor de Ralos Feliz, O Pela-Saco Parental, O Próximo Messias, está quase-namorando uma menina de quinze. Ah, ele tem 24. Ah, ela é aluna dele.
Ou quando seu irmão, que vc tenta ensinar a acertar a privada há 16 anos, convencer a ler alguma coisa além do Lance, a escutar alguma coisa além de 50-cent e Beyoncé, e que chama carinhosamente de Anencéfalo, ou Amebinha, ou Sr. Oligóide, vai com vc e seus pais ao supermercado. Então, seu desodorante vai junto com os perfumes, sabonetes e escovas de dentes e o dele vai numa outra sacola, com a naftalina, o querosene e a água sanitária.
Por essas e outras, ainda me permito sorrir ocasionalmente. Melhor sozinha do que com horóscopos, manuais, adultos-de-bolso, tarot ou senso comum.Só eu e Galileu.

quarta-feira, março 17, 2004

Do primeiro (e único) esclarecimento 

Vejam bem, todos os leitores: vocês três não devem ficar ofendidos com o subtítulo do nosso querido Blerg. Tenham calma, vcs que sobreviveram a esse mundo idiota até hoje. Acontece, porém, que na maravilhosa página de feitura do nosso Blerg havia o seguinte campo, de preenchimento obrigatório, como todos os campos inúteis: descreva seu blog. Entenderam agora a causa da resposta malcriada?
Bem, por agora é só. Class dismissed.

J. Morgendorffer

terça-feira, março 16, 2004

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