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segunda-feira, maio 30, 2005

Segunda, A Freira 

Primeira Parte

Essa é a triste história de uma mulher que sempre chegou em segundo lugar.

Ela e a irmã eram gêmeas, mas a irmã, por ter saído primeiro do útero, ganhou o nome de Primeira. E Segunda, bem...

Desde muito pequena Segunda ficava em segundo lugar. Nos carinhos, atenção, doces, festas, presentes, escolhas... ela sempre era a segunda a ser consultada. No colégio, era da mesma sala da irmã. Primeira tirava notas altíssimas e Segunda notas não tão altas assim. Na corrida, Primeira sempre chegava em primeiro lugar e Segunda...

Um dia chegou um menino novo no colégio, João Alberto Pereira Nunes Otávio Jr., e Primeira foi a primeira a chegar nele. Ele se apaixonou. Dessa vez Segunda não teve nem vez.

Os anos passaram.

A família perdeu toda a fortuna e as filhas tiveram que, aos 18 anos, escolher suas profissões. A mãe, fugindo para Miami, virou para as meninas e disse:

- Olhi! Num dá pra léva vcs pq num tem dinheiro, mas a hente ta dexanu vcs nesse barraco. E vcs vão ter que escolher as profissões agora. Só tem essas duas, ó: Puta ou Freira.

Primeira pulou logo e falou:
- PUTA!!! Eu quero ser puta!!!

A mãe virou para Segunda:
- Bem... vc vai ter que ser freira. Quem manda ser a segunda em tudo... tsc tsc tsc

Segunda: mas... mamãe! Vc quem me deu esse nome e...

Mãe: olhi! naum me interesse! vc vai já já pro convento! E sua irmã vai ganhar a vida. Mamãe manda postais. Beiju!!!

E assim cada irmã seguiu seu rumo.

No Convento das Almas Completamente Infernizadas ao Limite e Depois Arrumadas- o CACILDA - Segunda foi muito bem recebida. O CACILDA ficava no alto de uma colina, em terras muito distantes. Lá as freiras plantavam alfaces, cebolas e outras coisas e comiam carne de ornitorrinco e viviam muito felizes e sempre muito alucinadas, porque a carne do ornitorrinco possui um poderoso alucinógeno chamado LSD.

Então.

Segunda estava muito bem. Lá não havia complexos, não havia competições, eram todas amigas e lindas e felizes e freiras. Elas rezavam muito de vez em quando, mas cada vez pra um Deus diferente e sempre recebiam umas mini-maldições pq estavam rezando para os deuses errados. Uma vez receberam um recado de Buhda, que dizia assim: tamborim tamborim. se vcs rezarem por mim de novo, infertilizo toda a terra de vcs e nada mais de alface nem cebolas...

Uma das freiras, a Irmã Meioameio, acreditava cegamente que ia acontecer um dilúvio e que ela tinha que construir uma arca e colocar todas as freiras lá dentro e sair pelo mundo dando tiro nos outros.

- Mas Meioameio, Noé já fez isso... ou algo parecido.
-(olhar blasé)
- É sério, ta na biblia, eu acho...
- naum naum naum. eu tô construindo um enorme barco pra quando toooooodo o mundo estiver alagado. noé fez uma arca cretina quando o mar morto ainda era vivo... ahahhahahhaahah

E assim se passavam os dias no CACILDA.

Até que um belo dia chegou uma carta para Segunda. Ela levantou a barra do hábito de época e desceu as escadarias e pegou a carta da freira-carteiro.

Abriu o envelope. Era um único papel. E nele estava escrito:

"então vc acha que eh melhor freira q eu? estou indo aí acabar com a sua festa. com vc e com as suas amigas tb. AHHAHAHAHA"

assinado em vermelho borrado:

PRIMEIRA.

Trêmula, Segunda releu o papel e murmurou:

- Ah, Shiva...! Digo, Deus...ah meu deus...


Segunda Parte: (não a personagem não parte nada, nem ninguém, nem pra lugar nenhum. É só um ordinal comum mesmo. Aliás, pra não ter dúvida: ) Parte Dois

...

Daí, estavam justamente nessa época fazendo a Copa Pentecostal Mundial de Freiras. (CPMF - Tão rindo de quê? Tem copa sim! Até hoje! Pergunta pra Renata! E CPMF tb! Até hoje! Pergunta pro Palocci!)

As freiras tinham que competir nessas coisas que freira tem que saber fazer: plantar alface, puxar saco de padre (mas só com tabelinha), fazer cara de sofrimentos do inferno, comer carne de ornitorrinco, escrever receita de doces em latim, cantar correndo pelas montanhas, essas coisas de freira.

Daí, Primeira, que queria ser primeira em tudo - ela era tão puta, mas tão puta, que virou até primeira dama de um certo país sul-americano que eu não quero dizer o nome pra não emputecer o Maradona - resolveu que não eram suficientes seus troféus: um vestido azul de Primeira-Estagiária dos EUA, uma estatueta de uma dançarina de tango dourada de Primeira "Dama" do país que eu não quero falar o nome pra não dizerem que eu sou preconceituosa, um certificado de Primeira Mão (não pergunta, não pergunta...), um diploma de Harvard de PrimeiraMente etc.

Primeira chegou no convento e tocou o terror na Segunda. Porra, pela primeira vez na vida ela estava feliz!

_Vidinha de merda.

Pois tanto se esforçou, tanto estudou latim e assistiu aos programas da Nigela, tanto estudou churrasco de ornitorrinco, tanto praticou a anatomia dos homens-santos, tanto ela trabalhou e deu tudo de si, tanto fez a Segunda, que perdeu. É, gente, ela era meio ruinzinha mesmo, fazer o quê.

Ficou em segundo lugar e foi honrada com o título de Segunda-freira.

Ela então pirou e, de tão frustrada, matou a Primeira, gritando loucamente e descabelada:

_HAHAHAHAHA! Agora sim eu vou ser a Primeira!

Foi lá e escreveu as 2222 Teses da Segunda, que eram as novas regras da Igreja que ela ia fundar pra ela poder mandar. (Tão rindo de quê? O Henry VIII fez a mesma coisa! Pergunta pra Julia!)

Só que, alucinada nessa de escrever as teses, ela escreveu as regras mais chatas da face da Terra, pra se vingar da sua existência miserável. Não adiantava resistir. Segunda criou um tropa de elite de freirinhas hiper chatas e armadas até os dentes com muitos acessórios de Sado-Masoquismo, Domination e Bondage (vulgo SMDB. Verdade, juro, pergunta pro Pedicuri!). Era a temida Segunda Divisão. Até hoje todo mundo tem medo de ir parar na Segunda Divisão. Então. Por isso. (pergunta pra Renata!)

Acontece que no dia em que a Segunda ia coroar a si mesma no Chateau de Versailles (tão rindo de quê? O Napoleão - que tb queria ser primeiro em tudo só pq ficou traumatizado de ter que ser sempre o primeiro da fila na escola só porque era um tampinha - também coroou a si mesmo! Pergunta pra Julia Marie De Le Petit-Gateau!) ela teve um piripaque e morreu.

Gente, desculpa, mas essa história é do Diego. Foi ele que começou. Ele é grego. E Gregos acreditam nesse lance de destino, de não poder fugir do que foi determinado, essas coisas. Que nem Calvinista sem vergonha e romeiro nordestino.

Daí, como ela morreu, todos os judeus do mundo se uniram para pressionar os governos de todos os países da arábia pra cá a tomar providências para que nunca se esquecesse da tragédia que pode acontecer se você traumatiza uma menininha assim, ou se não deixa um jovem idiotinha, bobinho e bigodudo entrar na porra da Academia de Belas Artes. (Tão rindo de quê? Israel ganha até hoje mesada e museu de todo mundo, não necessariamente nessa ordem! Pergunta pra Natália!)

Tragédias acontecem, gente, porque a gente traumatiza as criancinhas e nem se lixa. (roc, roc)

Enfim, todo mundo resolveu que ia tomar uma providência. Alguns construíram pracinhas, colocaram bustos por aí, ergueram museus, essas coisas que os governos fazem para ficar bem na fita de algum grupo de pressão ou com a mulher do presidente.

Só os Portugueses ficaram tããããão chocados com isso tudo que resolveram fazer algo a mais: instituíram um dia com esse nome. Segunda-freira.

Acontece que o Manuel Pereira, assistente de cabinete do Exmo. Sr. Ministro Juaquim Pereira, digitou errado a porra do nome do dia, confuso e distraído que era, achando que o nome do dia - que antes era Ultima-feira- tinha mudado por uma razão de lógica: antes da terça, devia vir a segunda. Ora bolas!

Tolinho. Nome de dia e de mês não faz o menor sentido, justamente porque serve - assim como nome de rua e busto em pracinha - pros governos ficarem bem na fita dos outros.

E foi assim. A gente herdou já com esse nome - pra que mudar? É por isso que, por força de lei, toda segunda-feira tem que ser insuportavelmente chata.

(Primeira Parte, digo, Parte Um por Diego Paleólogo.)

terça-feira, maio 24, 2005

O Menos Que é Meio É Mais 

Nenhuma escolha. O fogo vem, dominando tudo o que toca, destruindo o equilíbrio entre matéria e energia. Não há opção. Sucumbência. O fogo vem, a matéria sucumbe e entrega sua energia a ele - que se alimenta e parte, deixando cinzas. Cinza: matéria já sem energia. Ex-matéria. Matéria um pouco mais strictu senso.

Do outro lado, a água vai entrando poros adentro, devagar. Enquanto houver hipertonia, a água entra. Por lei natural, em nome do equilíbrio cósmico, o desequilíbrio do indivíduo, descartável. Devagar, bem devagar. Rompendo por dentro, destruindo as estruturas pelo interior. Não há opção. Diluição da tua matéria, pouco a pouco, a energia até fica – mas não é suficiente. Sucumbência, leve e homeopático despejo do teu próprio corpo.

O ar está infestado de fumaça, de pedaços microscópicos das coisas, e não há nenhuma saída senão respirar. O fogo e a água e o vento repartem a matéria antes vivente em bilhões de pequenos resquícios e os espalha no ar. Escolha de Sofia, a crueldade gargalha de prazer sádico. Escolher entre morrer e morrer mais. Morrer mais rápido ou morrer por mais tempo. Respirar é sufocar mais, no fim das contas.

E o vácuo. Como a água, sedento por hipertonia. Nem adianta cogitar tentar achar seu lugar no nada. No vácuo, não pode haver um lugar pra você: o lugar é do vácuo. Sucumbência instantânea.

Existe, sim, algo além do corpo – já que existe o corpo sem o algo, e não funciona mais. Rompido o equilíbrio, o fusível, a corrente elétrica, o pistão do motor, já não circula a energia. Não circula mais a energia, só matéria. Matéria um pouco mais latu senso.

“Por onde é saída?”, grita o jovem, com medo de morrer no incêndio do cinema. Ignorando a brigada de incêndio inexistente e as portas com barras anti-pânico, um outro responde “Isso depende. Você quer morrer mais ou morrer menos?”

E morte não é antônimo de vida, como acham os simplórios. É acompanhante.

Tem certeza que quer morrer menos?

Imagina se a gente não dormisse. Ia viver mais – mais, advérbio de intensidade. Mas, se a gente dorme menos, gasta mais rápido. Vive menos – menos, advérbio de tempo.

Descartizando o real, que é indescartizável, mas só pelo benefício didático (dicotomia só serve no básico), temos uma linha que vai do menos ao menos. E onde é mais?

Exato. Bem ali no meio. Entre um menos e o outro menos.

Que viver é enferrujar, de qualquer maneira. Pensa só: enferrujar é oxidar. É combinar com oxigênio pra produzir energia. Lembra das suas mitocôndrias todas? Todas elas te oxidando, o tempo todo, o tempo todo.

No meio, mais. Mais. Mais, no meio.

Que no fim das contas mesmo, todo remédio é veneno também. E vice-versa.

(Fada Verde, lembre-se dos Vícios de Consentimento: escolher é o contrário de pensar escolher. Sabes bem do que eu estou falando. Nem venhas sofista pro meu lado, que o meu lado é o teu lado. Aliás, te digo agora, a mais bonita de todas as mentiras hediondas: Come what may! Come what may, meu lado é o teu lado. Se mudas de lado, de que lado estarás então? )

segunda-feira, maio 23, 2005

O Tirânico Amor E O Doloroso Dolo 

Ô meu amigo, deixa disso. Deixa de se torturar assim, já chega.

Ouviu bem? Já chega.

Não és digno de pena, já chega de bancar o coitado.

Ei, pessoas do mundo, alou: SENTIMENTO NÃO TEM QUE SER RECÍPROCO. NÃO TEM. OUVIRAM? CHEGA DESSA MERDA.

(e monogamia também. E deus não existe. Nem São Longuinho. Chega, chega, chega.)

Tantas outras vezes já te vi chorar por alguém que não existe. E vou te rasgar logo esse cancro fora: nunca existiu. E a culpa é toda tua.

Amor pode ser violência, também, sabe? Que violência é querer o que o outro não está preparado pra dar.

Não quiseste perguntar, alimentaste o monstro da tua própria expectativa-esperança a colheradas de mingau. Isso tudo, quem construiu foi você. Essa masmorra, quem a colocou em pé, tijolo por tijolo, foste tu.

Que troca funesta, que mercado estranho se formou por aí. Mas, oferta e procura, sempre um por causa do outro e o outro por causa do um.

A culpa é tua. Chega.

Sai daí de dentro. Sai.

Gentileza pode ser crédito, pode ser moeda. Aliás, acho que quase sempre é mesmo.

Eu queria agora era te dar mesmo um tapa na cara. Como diria meu tio-avô, encher a tua cara de bolacha. (na época dele isso só tinha um sentido, fazer o quê.)

Pena é pros que não tiveram nenhum controle sobre os fatos. Não é o caso. Foi dolo, doloroso dolo, mas dolo, todo dolo, dolo teu.

Talvez você transfira a tua frustração pra mim e me odeies, porque escolhi que não vou mais colaborar com esse jogo. Chega.

CHEGA.

Não vou fingir uma pena que não sinto. Cavaste teu buraco e eu te avisei.

Acabou, isso tudo tem que acabar. E, vou logo dizer, ódio não é forma de acabar – é a única forma de continuar.

Pena é dizer que não houve opção. Havia. Havia. Eu via, havia.

Caso fortuito não foi. Nem fortuito, semanticamente, propriamente, foi o caso.

Chega. Acaba com isso agora, que já vai longe e já vai tarde.

Chega de tentar comprar crédito com dor e gentilezas. A banca não há!

NO HAY BANCA!

Crédito real é laranja por laranja.

Pessoas não podem controlar seus sentimentos. Por isso mesmo aliás, é que não se pode exigir reciprocidade, se a eqüidade sozinha não tiver te convencido.

Mas controlamos nossas ações.

Controlamos nossas ações.

Ouviu?

Chega.

sexta-feira, maio 20, 2005

Embargo de Declaração Celeste 

Primeira Parte:

"Resolução de hoje: Bunker nem que chova ouro e diamantes.
Nem que jesus venha a terra e fale: olha aqui, Diego, irmão, vc vai pra bunker!
aí eu:
- ah, vai pro inferno!
aí ele:
- ãh! comassiã!?
aí eu:
- tipo inferno meu filho! eu nao acredito nessa merda toda então...
aí jesus:
- mas... eu to aqui!!! ó, carne osso REAL
aí eu:
- então eu tb to aqui, ó! E se vc é de carne osso e REAL então eu acredito menos ainda, pq vc deveria ser de alguma outra coisa: alguma outra coisa que ressuscita, sai de cavernas fechadas e consegue ficar sentado no céu...
aí ele:
- mas...
aí eu:
- ¬¬. vamos vamos. eu nao vou a bunker e pronto! vc vai a bunker?
aí jesus:
- iiiiiiiiiiiiih eu nao passo nem perto...
aí eu:
- então não fode. onde vc costuma ir?
- ah tipo festas onde só tem água e eu tenho q transformar em vinho...lugares onde costumam odiar minha religião e outros inferninhos aê...
- jesus, vc anda meio engasgado com essa coisa toda, né... acho que o vc precisa tipo sair com a gente, beber vodcka...
- vodcka?
- ééé uma bebida russa. segundo a bíblia, foi seu pai quem criou, pq ele criou tudo...
- tipo josé?
- iiiiiiiiiiiih vc anda meio dezatu. josé não é - ou era, nao sei... ele tb subiu com corpo e tudo? bem, josé não é seu pai. ele era só tipo bode espiatório de Maria, que... bem...ela andava com mtos rapazes e não havia camisinha e tal - tb não sei pq não havia, já que foi seu pai que inventou tudo e tal...
- mas...de certa forma, meu pai era inventor. ele era meio que carpinteiro...
- é, mas ele era meio que pau mandado.
- ah...
- sorry.
-ok (pra quem se perdeu. Jesus - turuntu tssssss)
- bem, Jesus...tenho q ir que é sexta e tal...
- eu vou com vc!!!
- tá, mas não assim que vc tá mtooo hippie de nova jerusalém. vai trocar esse sudário aí... e vê se queima esse pras pessoas não ficarem pegando pano e achando que têm um pedaço do sudário e tal...
- mas eu subi com o outro... qndo eu subi pro céus.
- cara... sério. análise. juro.
- análise?

Os dois se afastam na Visconde de Pirajá."

Segunda Parte:

Jesus, sentado naquelas muretinhas de chorar com a Renata do calçadão, balançando as chinelas e olhando pro mar.

Di-égo, o grego bipolar, sentado ao seu lado, está muito entediado.

_Ai, que saco. Vc não fala comigo! Passou tanto tempo passando sermão, enchendo tanto o saco de todo mundo, que foi crucificado. E agora não quer falar comigo. Que merda. Quer uma cerveja?

_ Oba! Cerveja! (os egípcios faziam cerveja. Logo, quando a galera do kipá foi pra lá, aprendeu do que se tratava. Penso eu que cerveja e vinho são as mais furrecas de se fazer, por isso o povão todo devia beber isso.)

_mas porque diabos (desculpa!) foi que vc transformou a água em vinho, em vez de cerveja? Vc não veio pra libertar o povão? Pronto! Ficaram viajando, que vinho era sangue, que neguinho estava bebendo o sangue de jesus, que o sangue de jesus tem poder...

_Beber meu sangue? Que nojo! Era uma metáfora!

_¬¬. Ai, chuchu... Muito perigoso isso de metáfora. Tudo bem, eu entendo que vc tinha que usar umas fábulas para fazer o povo entender, sabe como é, aquela gente mal alimentada e ignorante... Mas metáfora demais ia dar merda! Não é possível que vc não tenha visto!

_ Dar merda? Além de beber sangue, as pessoas iam dar merda??? Ai, meu Pai! Que mundo desviado!

_Alo-ou, Jê, era metáfora...

_Ah, tá.

_Outra coisa: me faz um favor, agora que vc está aqui? Diz que não foi você que escreveu a Bíblia, por favor! E se não foi você, foi outra pessoa. Se foi outra pessoa, e você é o último dos messias (ou não, né, tem uma galera que meio que cagou pra você)
então, aquilo tudo alí é só um livro muito pop. Aliás, Bíblia significa livros, ou seja, nem o título tem nada de mais. É bem sem graça, que nem cd cujo nome é o próprio nome da banda. Ou do cantor...

_ Escrever??? Mas eu sou analfabeto! Meu pai era carpinteiro!

_ Cara, você TEM que aprender a escrever! Pelo amor do teu Pai!

(Jesus fica pensando se estava-se falando em incesto ou em metáfora, novamente... )

_Eu vou lá buscar a cerveja. E uns guardanapos, né, que você vai molhar essa barba toda!

Volta, entrega a cerveja. Não tinha guardanapo. Jesus limpa a cara na túnica mesmo.

_Ai, que ew! Toma aqui uma blusa. (tira uma blusa da mochila)

_Obrigado, meu filho. (Di- Égo pega a túnica e arremessa fora aquela nojeira na areia)

(corte. Vários hippies andando pela praia, cantando Hare Krishna e fumando maconha. Do outro lado, um paredão de freirinhas caminham pela obra do Senhor - sem ser a do Cesar Maia. Eles param, equidistantes de um pano, estendido na areia, balançando suavemente ao sabor da 'brisa' {Turum dum tsss}. O pano branco tem impressa a face do Messias. Eles se atracam e começam a brigar pelo pano sagrado, cheirando a cerveja.)

Recapitulando:
_Obrigado, meu filho. (pela cerveja)

_Que mané teu filho! Aliás, vc era mesmo virgem ou não?

_Eu? Morri tão virgem quanto Maria!

_Ai, ai ai! Tá vendo! Por causa de umas respostas como essas o mundo já entrou em umas vinte guerras! Trata de ser mais responsável! Dê respostas bem claras!

_Vou tentar: respostas claras, nada de metáforas...

(Di- Égo muito pensativo, pondera os prós e os nós.)

_Quanto você me paga pra ser seu secretário de marketing?

(primeira parte by Diego Paleólogo; a segunda é minha mesmo)

segunda-feira, maio 16, 2005

Do Alto Do Meu Caixote 

Grandes processadores hidrocarbônicos achando que há algum sentido místico guardado só pra eles: nós assim, trancados entre nossas córneas e o lago, negando a ferida narcísica que é ser só nada mais que mais um. Nenhuma razão especial existe em ser um grão de areia, ou um sapo, ou um brócoli. Amor, Eu, é degrau, é band-aid, é rodinha: é ferramenta, não é objetivo, nem objeto: é adjetivo. Vai dizer pro substantivo que ele é advérbio? Que não é nem nunca foi nada de Pré nome, senão protonome, pró-nome! E relativo. Relativo! Se somos grão de areia, ou muito menos, não somos também estrela da vida inteira? E um grãozinho de areia pode sim ser assim tão grande, estar tão lá em cima, ser tão iluminado, as duas coisas ao mesmo tempo! Ninguém te contou? Tempo também é mentira, esferas concêntricas. Verdades utópicas, paradoxos tópicos: claustrofobia intelectual. Sentido? Não, na verdade é sempre alto, meia-volta volver.

sexta-feira, maio 13, 2005

Reductio ad absurdum 

As cinzas azuladas cobrem os móveis. Olha só como o som faz um círculo cinza: “re - DUN- dan – t”.
Você se olha no espelho e olhos de porão.
Poeira. Por eira e beira, poeira.
Vou mudar meu nome: Anna Crônica

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Hoje acordei achando bem provável que eu seja a única pessoa no mundo que tenha essa síndrome de Voyager. Que só eu pense em quartetos de corda orgânicos. Que só eu me preocupe com as formigas-de-pia-de-cozinha. Que só eu ache absurdo carregar guarda-chuva. Que só eu ache que todo mundo tem um pouquinho de tudo: sádico, assassino e santo. Que só eu me sinta sempre tão radio pirata. Que só eu me recuse a aceitar migalhas de explosão, que só eu teime em merecer um amor que me vire do avesso. Que só eu não consiga esconder o tédio mortal que encharca tudo, como uma neblina muito quente e gordurosa. Que só eu mude de idéia 3 vezes em uma frase. Que só eu insista doentiamente na igualdade de oportunidades e na oportunidade de desigualdade. Que só eu arranque os cabelos do sovaco a dentadas, no meio da faculdade, desesperada de ter que me afogar naquela gente. Que só meu amor desdenhe de rosas, porque é feito daquelas florzinhas brancas de botar no meio que ninguém nem vê.

segunda-feira, maio 09, 2005

Periscópio de Canudo no Suco de Laranja 

Tudo tão bonito quando a gente trabalha no Flamengo. Você olha pela janela e aquilo tudo de azul e verde.

A paisagem reservada. Todo o resto fica parecendo aquelas coisas adocicadas artificialmente.

Afinal de contas, qualquer um pode comprar aquele projeto de suco de laranja, aquela coisa leitosa e estranha que algumas pessoas chamam de suco de laranja, e achar muito refrescante. Um dia, porém, por um motivo ou por outro, alguém te oferece suco de laranja de verdade.

Daqueles com gosto metálico, um gosto que parece abrasivo, um gosto de limpar tudo por dentro. Laranja.

E então a gente se sente mármore: nem se nota o quanto de sujeira o mundo vai depositando até que se limpe um pedacinho. Aquele pedacinho assustador de tão branco, aquele espelho do pretérito menos imperfeito.

Que é perfeição senão comparação e opinião?

Alguma coisa ácida, cáustica, nos toca e arranca uma crosta de recenticidades e reticenticidades (leia com atenção, se tiveres DDA). Depois, cai no chão aquela armação de arame chamada segurança e demora tanto tempo pra erguer de novo. Montanhas de silver tape e argumentos de pretensa argamassa.

E é assim com o suco de laranja. O pior lugar para se estar é no periscópio: o corpo aqui, os olhos lá.

terça-feira, maio 03, 2005

Pequenos Comentários 

1) Absolutamente TODAS as pessoas bacanas do Rio estavam no show do Placebo. Impressionante. (menos o Di, que não foi apesar de nossa oferta de pagar o ingresso por ele. Ridículo.)

2) Boots and trunks: if your name is not Clark Kent, they are supposed to be under your pants, not over.

3) Tristeza é ter de dar razão a um pefelista.

4) Um telefonema, pronto, sua vida vira do avesso e nada mais é seguro. Há. Seguro. Tolinha.

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