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segunda-feira, junho 07, 2010

Cada frase uma bolinha 

Vontade-vulcão de agarrar um taco de beisebol e arrebentar alguma coisa bem grande. Bem grande, feita de metal e vidro. Uma coisa inútil, uma coisa que não seja de ninguém. Tipo um carro abandonado.

E antes que algum idiota que nunca esteve numa briga de verdade e nunca tomou um monte de porrada venha citar Clube da Luta, não, eu não quero destruir nada bonito. Coisa mais imbecil de se dizer - especialmente se você diz com aquele ar irritante de quem acha crueldade e violência gratuita uma coisa muito intelectual e artística. Aposto que um mongolóide desses até queria ter alguma cicatriz pra mostrar pra si mesmo que ele não é um bosta de um pele-fina.

Quem já tomou porrada de verdade, especialmente na covardia, não fica achando isso hype. Não fica rindo pelo nariz enquanto comenta uma coisa dessas meio de lado na Livraria da Travessa, folheando Camus.

Hoje, talvez eu acertasse até um cara desses com o taco de beisebol. Ele pode ficar com a opinião dele se ela continuar por aí depois que ele parar de chorar e pagar a conta do terapeuta. Depois que ele conseguir sair na rua de novo sem tremer toda vez que escurecer.

Tenho pena é de quem já apanhou tanto, mas tanto, que acha que é assim mesmo. Desse cara, eu até tenho pena. O cara ri mesmo, alto, até de videocassetada do Faustão. O cara acha graça mesmo quando uma criancinha desce a porrada na outra menor. Mas o sujeito do Camus, bebendo vermute e fumando cigarro de cravo - esse é patético mesmo.

Sabe aquele dia em que você simplesmente está com raiva? Sabe aquele dia que ia indo tão bem, tão insupeito, tão de mansinho? Sabe quando de repente uma guria ou o seu chefe te liga e tá tudo bem, daí essa pessoa vai e aperta um botão qualquer na sua psique e BUM, tudo desmorona e cai num buraco fumegante que dá lá no quinto dos infernos?

Sabe quando você sente a raiva vindo que nem uma explosão de petróleo no meio do Golfo do México? Quando você sente que pode causar uma hecatombe se você não se controlar e focar na sua respiração? Sabe quando você tem a nítida impressão que tudo o que você quer fazer é ficar quieto no seu canto pra evitar ir parar numa delegacia?

Nesses dias, é melhor ficar muito quieto. Muito, muito quieto mesmo. Quieto, embora você sinta vontade de fumar cigarrilha, encher a cara e passar de madrugada por ruas mal-iluminadas; embora você sinta muita vontade de xingar até as velhinhas porque elas estão andando muito devagar na sua frente sem perceber telepaticamente que você precisa passar mesmo que elas sejam, bem, velhinhas meio surdas e cegas; embora você fique rodando na cama com uma vontade-coceira de socar a parede; embora você queira gritar pela janela para abaixarem a *#)$ da televisão; embora qualquer barulho de pia pingando te faça desejar uma espingarda... Sabe? Essas coisas.

Vontade de pegar o taco de beisebol e ir ficar batendo as bolas que o canhão joga até seu ombro ameaçar romper. Vontade de descontar tudo naquela maldita bolinha.

Cada. Frase. Uma. Bolinha.

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