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terça-feira, dezembro 05, 2006

Às vezes dá uma vontade danada de gritar, puxar os cabelos e sair correndo, derrubando tudo pelo caminho. Mas, enquanto a gente bufa em cresciendo, arfando, de repente olha para baixo e vê aquilo tudo de fios que liga a gente a tantas coisas no mundo.

Aquilo tudo de fio. E é um crime, isso tudo.

Tem umas correntes bem grossas, de ferro enferrujado, com umas argolas grandes e brutas, bem com cara de terem sido forjadas sem capricho. Não têm lá muita preocupação com serem pesadas demais: querem prender, ponto. A falta de vírgulas faz o peso e o bruto que vão no front, machucando a pele de forma a não sarar nunca.

Tem uma massa quase tecido conjuntivo, fios stardard-default, um monte de linhas coloridas que a gente nem lembra direito de onde vieram e não consegue mais desembaraçar para ver para onde que vão. Memórias desencontradas e duvidosas, embaralhadas.

Tem uns fios de açúcar, delicados, transparente-prateados: velhinhos, recém-nascidos ou assim por natureza. Todas aquelas coisas que realmente imobilizam: as que partem com os menores movimentos.

Tem uns desencapados. Tocar neles traz o chão para perto dos joelhos.

Tem uns que não transmitem nada. São de arame farpado mnemônico. Esqueletos cortantes de fios mortos, fantasmas vingativos que morreram se afiando.

De vez em quando tem um fio dourado. E é por eles que pessoas como eu vivem. Pelo breve relance do fio dourado.

E a gente despenca de joelhos. Não dá mais pra sair correndo, não dá mais para jogar tudo pelo caminho. Fios de remorso correm pela sombra de cada fio que ainda não foi partido.

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