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sexta-feira, novembro 24, 2006

Moeda Escorrente 

O homem demi-grisalho lá na televisão vai dizendo que a doação sem outorga conjugal é um ato anulável, enquanto passo para alcançar a geladeira o mais rápido possível. Fico pensando o que está diferente em mim hoje, já que resolvi que ia beber coca-cola às oito da manhã.

Olho para a lata, vermelha e prateada. Toda de alumínio, fina o suficiente para deixar gelar, grossa o suficiente para não romper, o talho da tampa riscado mais fundo no início da quebra e mais raso no fim, para evitar que o conteúdo respingue. O barulho da perfeição do design estalando: o selo de completamente reciclável pisca para a marca registrada, em equilíbrio iluminado. Clec. Tshhhh.

A chuva vai molhando as minhas botas e a barra das minhas calças. Parada no ponto de ônibus, imagino se o neo- all star branco não é um novo keds branco, que, por sua vez, substituiu um proletariantemente lúdico conga, que, por sua vez, substituiu o antigo all star. Voltei a pensar na lata de refrigerante, porque me peguei mudando de opinião sobre a coca-cola.

Um prédio lindo, daí você descobre que os blocos foram colados com cinzas de corpos. Deixa de gostar, a luz muda e as coisas que você achava bonitas te provocam asco, com o agravante do toque de ira pelo sentimento da sua opinião ter sido manipulada. E aí, o ascetismo de repente te parece mais horripilante que o massacre do livre arbítrio pela propaganda.

Que meu antigo deus abençoe a mudança de opinião.

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