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terça-feira, outubro 30, 2007

Back to Black 

Então, meus queridos. Eu estou de volta, mas o Rebouças ainda não...

O calor está uma coisa aterradora. Já tinha me acostumado a olhar o termômetro do Mac da Ninha e festejar quando marcava mais que cinco graus.

Fazíamos a Dança Comemorativa da Temperatura Positiva, também conhecida como "vai, Celsius!!!". (acredite em mim, você também dançaria até o chão)

Vai Celsius, vai Celsius, vai, vai, vaaaai Ceeelsiuuuus!!!

Pois então. E volto para esse calor de savana. Ui, minhas glândulas...

Apresento a vocês o maravilhoso e exclusivo "O que NÃO fazer e como NÃO se vestir ao voltar para o Rio em outubro" - um guia prático.

Dentro do avião: duas blusas e um sobretudo protegiam meu corpinho dolorido (e virado de 3 noites bombantes berlinenses in a row...) do frio polar do avião. E, diga-se de passagem, me protegiam de maneira MUITO melhor que meus fones de ouvido (não) me protegeram da euforia oversimpática hiperfalante de um senhor brasileiro - que cismou que eu tinha cara de espanhola e começou a conversar comigo em seu espanhol sofrível de telecurso 2000. Nem me dei o trabalho de desmentir, o velhinho estava tão feliz tagarelando sobre a sua árvore genealógica toda...

Quando ele me perguntou de onde eu vinha, eu lembrei do meu playlist e disse, sorridente: "Barthelona!". (http://en.wikipedia.org/wiki/I'm_from_barcelona)

Fingir dormir não funcionou muito, ele me futucava, ele levantava para ir ao banheiro, ele chamava a aeromoça, ele caminhava pelo corredor, ele comia o pãozinho com polenguinho que guardou no bolso...

Eu tentei cantar "Oh, bondage!", do X-Ray Specs (thank you very much, dear Ida, for the CD!). Não fuincionou. Ou ele não sabe o que é bondage, ou ele curte.

(ew!)

Fingir assistir o filme do Bruce Willis funcionou menos ainda - e só o fato de eu ter tentado prova que eu estava realmente MEGA desesperada. Eu não suporto o Bruce Willis, não é mesmo, minha gente? Com a cara toda arrebentada e sangrenta, atirando para todo lado sem critério, dando uma de McGuyver e, o mais irritante, depois da mais completa falta de nexo de causalidade do roteiro: aquele sorrisinho de canto de boca, que ele queria que fosse sexy, mas como ele não é o Sean Connery, mais parece sequela de derrame, mesmo.

Afinal, me poupa, né? ME POUPA! Todo mundo sabe que a Demi Moore é que matava as baratas e trocava as lâmpadas naquela casa - lembram de G.I. Jane? Duvido que o Bruce Willis faça flexão com uma mão só e ainda amamente as crianças com a outra.

(e não é muito MUITO hype ter como nome um prefixo latino?)

Todo mundo sabe também que o melhor ator de filmes de ação, hoje em dia, é a Jodie Foster. Já viram o novo? Me disseram que é melhor que o outro. Enfim, voltando...

Saí correndo do avião para evitar ficar na fila da alfândega do lado do velhinho - o que seria um ninguém merece em dose dupla, completo, com hot fudge e cereja. Quem me visse correndo pelo aeroporto empurrando aquele carrinho com aproximadamente 3 vezes o meu tamanho ia pensar que eu estava com muita saudade meeeesmo da minha família.

Meia hora para pegar a mala, que não vinha nunca, na esteira... Televisão de tela plana, totem de madeira embrulhado em papel manteiga, uma misteriosérrima esfera metálica com pinta de ogiva nuclear contrabandeada da ex-URSS, uns malões em que cabiam umas duas Madelines juntas e mais uma gangorra, umas mochilas fedendo a maconha adoidado, valises arredondadas cobertas com pelúcia cor de rosa, umas vinte malas pretas exatamente iguais, equipamento de esqui (ouvi dizer que a temporada de esqui vai ser ótima esse ano no Rio, vou até comprar um snowboard) e, finalmente, a minha maleta enorme, pesada e sem rodinhas.

Nesse momento, provavelmente é importante mencionar que (i) a primeira das duas rodinhas quebrou já na ida ao aeroporto do Rio e a segunda quebrou em Berlim; (ii) a mala sozinha pesava quase trinta quilos, a mala de mão mais cinco e (iii) eu, coitada, peso cinquenta. Meus ombros ainda não pararam de doer. Quando eu deito para dormir, eles rangem.

Mais 45 minutos na fila da alfândega. Eu resmungava o tempo todo que aquela luzinha vermelha ia, com certeza, acender comigo. Batata. Ninguém merece ser eu. Passei no raio X e o cara deve ter se divertido com minha bagagem, porque tive que esperar ele revistar tudo minuciosamente na telinha. Oitenta euros em livros ocupavam metade da mala, roupas quase toda a outra metade e nada de muamba. Se bem que eu acho que ele estava interessado era na sacolinha da sex shop...

Então. Saindo apressadamente porta do saguão afora, de sobretudo e tudo, o calor me bateu como um soco de ar quente. Direto no estômago. UFFF!

Nesse instante, meu corpo era como um suflê: uma nuvem de vapor escapou do meu sangue e saiu pela minha pele, instantaneamente, encharcando as costas da blusa. O resto do meu corpo solou e alcançou uma densidade tal que eu tive a impressão de estar fazendo fusão nuclear de hidrogênio em hélio dentro do meu pâncreas.

Nisso, avisto meu pai e meu irmão galopando na minha direção. Só tive tempo de arrancar o sobretudo antes de ser confundida com um jogador de futebol americano pelos meus familiares queridos. Quase caímos no chão no meio do aeroporto. Muita emoção, sabem como é, a alegria golden retriever das famílias latinas.

Vovó chorando, mamãe chorando, eu nos ombros do meu pai e meu irmão tentando me fazer cócegas. Não tem nenhuma situação mais embaraçosa que essa na existência humana, a não ser talvez ser obrigada a testemunhar o nível da argumentação dos senadores brasileiros.

Enfim, queridos. Estou de volta. Tenho saudade de todos. Vou escrevendo mais sobre a viagem aos poucos. Fico por aqui.

J.

P.s.: Ninha, manda os coturnos pelo correio, meu bem...
P.s.2: Viu, Mariana, esqueci os coturnos...

domingo, outubro 21, 2007

Chasing Cars - Snow Patrol 





We'll do it all
Everything
On our own

We don't need
Anything
Or anyone

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?

I don't quite know
How to say
How I feel

Those three words
Are said too much
They're not enough

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?

Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life

Let's waste time
Chasing cars
Around our heads

I need your grace
To remind me
To find my own

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?

Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life

All that I am
All that I ever was
Is here in your perfect eyes, they're all I can see

I don't know where
Confused about how as well
Just know that these things will never change for us at all

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?




Across Berlim 

(10 da manha, sentada a cavalo no parapeito da janela, com o caderninho na mao, sob o sol, ouvindo Fiona Apple cantar "across the universe")

As nuvens sao pinturas. Redondinhas, arredondadas pelo vento como pedrinhas de riacho, contornadas com um branco prateado que as recorta do fundo azul.

O vento e' frio e aproveita as u'ltimas oportunidades de jogar meu cabelo na minha cara. Vou ao cabelereiro. I'm gonna go German. Navalhar o cabelo e mergulhar no inverno.

Gotta have some faith in the sound, boy.

sábado, outubro 20, 2007

Capitulo 6 - Dachau 

Tudo muito cinza, muito cinza demais, como se eu tivesse caido dentro de uma fotografia do Sebastiao Salgado e nao soubesse sair.

De repente, do meio do bosque, o inferno.

E e' so' mais um inferno.

O portao de ferro e a frase infame.

De repente demais, um gole de arame farpado no meio de um copo d'agua.

A mesma histo'ria de tantos lugares, de tantas vezes, tanto e tanto.

Um pre'dio. Uma chamine'.

Pilhas de homens sugados ate a u'ltima gota. Por outros homens.

Pilhas de triangulos.

Os olhos vivos nos mortos.

Os joelhos balancam. Algo dentro de mim disparou. Tremendo por dentro.

Me sento no banco, a cabeca se aninha entre as maos e um soluco gigantesco. Incontrola'vel. Vem carregando tudo, levando tudo.

Mas tudo fica.

Um olhar para os fornos e uma prece aos homens.

Nunca mais. Nunca mais, nunca mais, nunca mais... Por favor, nunca mais...

(e a dor socada no estomago sabe que e' so esperanca e' que e mentira)

sexta-feira, outubro 19, 2007

Intervalo para o segundo tempo 

Oi povo.

Estou fazendo o check out aqui de Munique e parto amanha de manha para Berlim.

Estou com saudade de todos, estou ótima, a gripe passou, foi um dia só.

Escrevo mais de Berlim. Esses últimos dias foram meio caóticos, com provas e arrumacoes e tudo mais... Prometo mais dedicacao a partir de amanha.

Estou muitíssimo feliz! Estou indo pra Berlim, minha gente! É mole???

:D

Um beijao para todo mundo! Saudade, povo! Volto já.

terça-feira, outubro 09, 2007

Capitulo 5 - Veneza 

Precos exorbitantes. Garcons mau humorados e que parecem pensar estar te fazendo um enorme favor em te vender alguma coisa. Uma chuvarada absurda e um vento frio cortante. Andar espremida que nem sardinha em barcos com uma cara danada de que vao afundar a qualquer momento, tipo uma linha 2 marítma.

Ai, ai. Ainda assim, que lindo que foi ir para a Itália.

Aquele je-ne-sais-quoi latino, sangue quente, charmoso, fora da velha e fora da nova ordem, gondolas que sao tortas e se rema de um lado só, roupas penduradas para secar em prédios antiquíssimos de uma das cidades mais famosas do mundo...

E o melhor para essa que voz fala (Simone, o senhor Major e talvez alguns outros leitores desse humilde blog ja saibam, de outros anti-carnavais): sopradores de vidro!

Fazendo o favor, me imaginem muuuuuito feliz, andando atrás de um senhor de cabelos brancos, de regatas, calcas curtas e chinelas, que anda para lá e para cá com um bastao, modelando o vidro.

Murano, ilhazinha minuscula, é famosa por seus vidros lindíssimos e pelas vidracerias artesanais, familiares. Nao preciso dizer que fiquei babando. Voces que me conhecem já sabem que sou meio tan-tan e enquanto as pessoas querem um forno a lenha para pizza ou uma churrasqueira, eu queria mesmo era uma fornalha para vidro no porao... O senhor equilibrava uma cigarrilha no canto da boa enquanto enrolava um espanhol para me explicar que se tem que virar o vidro assim, e molhar assim... Os outros tiraram fotos e cansaram, mas eu podia - facil, facil - ficar ali o dia todo...

(sorriso boboca na cara, de quem achou um brinquedo novo )

E pontes que levaram 60 anos para sairem do papo e do papel (te lembra algum lugar?) , mercados gritados e berrados, outra ponte chamada "Ponte das Tetas" (!?) onde as senhoritas comprovavam seus dotes e exibiam seu "selo de garantia de feminilidade", palacios familiares só para ostentar...

E a Basílica de San Marco, absurdamente linda, pornograficamente rica - coberta de ouro, com um altar de pedras preciosas - e cercada de velhinhas esmolando e de nuvens de pombos ensandecidos, ambos os grupos nutridos pelos turistas, a la Mary Poppins. Mas o ´two pence a bag` foi inflacionado para um euro o pacotini.


E toda essa anti-germanicidade. Foi um choque térmico, diria. Gostaria de ter tido tempo de ver os museus. (Aqui, sim, Simone!) Um dia só foi pouco - só dá para se orientar um pouco nos mercados mais para dentro da cidade, para comprar as coisas a precos que nao sejam extorsivos: encontrar e comprar máscara linda em lugar artesanal, encontrar e comprar souvenir de vidro bacaninha, comprar pacotao de tomate seco deliciosamente perfumado, andar de gondola e tentar entender como se controla a direcao com o peso do corpo (sabiam que quando o gondoleiro engorda ou emagrece muito ele tem que mandar fazer outra gondola?), babar nos mosaicos e esculturas e tudo mais daquela época em que se podia ver o que faziam os genios...

(que fazem os genios de hoje?)

E comer pizza muito boa.

E ciao! (ou até breve, espero eu)

quinta-feira, outubro 04, 2007

Capitulo 4 - Salzburgo 

Ontem, dia 3 de outubro, foi feriado nacional na Alemanha, porque é o dia da Reunificacao Alema (Tag der Deutschen Einheit). Isso significa que tudo estaria fechado e nao haveria aulas - ou seja, seria um dia bem chatinho.

Com isso, descobri que a trupe de professoras da Alsácia pretendia ir para Salzburgo de trem. Há esse negocio chamado Bayern Ticket, que dá direito a 5 lugares no trem, e custa 27 Euros. A passagem individual custa 19 Euros. Entao, saí perguntando pelo curso inteiro se mais alguém queria ir e fechar o tíquete bávaro - em 15 minutos vendi os lugares. Excelente.

Demora 2 horas para ir de Munique a Salzburgo de trem, o que é uma distancia risível para quem fica sempre seis horas com a bunda sentada no onibus da 1001 para ir a Sao Paulo.

E fez um sol lindo, para nossa surpresa. Guardei o guarda-chuva, o cachecol e o sobretudo na mochila, saquei a garrafa d´água e o mapa e fomos adiante.

Primeiro, devo avisar aos mais kitsch que nao, eu nao quis nem saber da casa onde foi filmada a Novica Rebelde. Sim, era meu filme favorito quando eu era guriazinha, mas a cidade tem coisas mais bonitas pra se ver, nao é mesmo?

Aliás, por falar em kitsch, Mozart nasceu em Salzburgo, entao o pessoal explora até a última gota, chega a ser ridículo: tem chocolate do Mozart, bolo do Mozart, sorvete do Mozart, vinho do Mozart, café do Mozart... tudo. Música do Mozart? Nao tinha. Que pena.

Tinha era a "casa onde nasceu Mozart" - uma casa normal. Se pagava sete euros para entrar e tudo lá dentro era só cópia do que tinha na época do Mozart. Total exploracao. Eu nao fui, fui ver a vitrine da Swarovski e seus exorbitantes precos, comer um delicioso sorvete de avela e conhecer os arredores, incluindo um café pequeno e com bem com cara de familia, cujo segundo andar era praticamente uma sala de estar com vista para as ruas - cheias de detalhes. As lojas, por exemplo, trazem além dos letreiros modernos aquelas placas tradicionais bem antigas, que ficam de lado na rua - até o Mc Donalds fez uma, achei bem engracado.

A cidade é linda. Linda mesmo. Subimos por uma escadinha pitoresca por dentro de um quarteirao, por pura curiosidade, fomos parar no meio de prédios antiquissimos, com todo aquele jeitao de idade média. Tinha um cuja plaquinha avisava ter sido construído em mil trezentos e pouquinho - duzentos anos antes de comecarmos a contar a idade do Brasil. Interessante, nao? No alto da trilha se podia ver a cidade toda e o contraste que o sol dava entre a montanha onde fica o castelo e o rio, logo abaixo, era uma das vistas mais bonitas que eu já vi.

Apesar de ao velha, a cidade tem um ar de cidade pequena. Passeei de carruagem, porque assim eu podia percorrer mais lugares no pouco tempo que tinha - e, confesso, confesso, eu nao posso passar perto de cavalos. Voces já devem saber disso: cavalos e livros levam meu superego embora... Aliás, quase comprei um lá, entitulado "Warum kussen sich die Menschen?° ou " Por que as pessoas se beijam?". Ficamos brincando que os alemaes precisavam mesmo de um livro que lhes explicasse isso. ;)

Fomos a uma feirinha linda e comi o melhor apfelstrudel da minha vida, feito por uma senhora de seus 45 anos, muito simpática, que nos indicou um parque quase secreto, com uma entradinha muito discreta ao lado da cabine telefonica. Provamos uns 3 ou 4 tipos de bolos, no fim, a trupe toda, cada um comprou um dos bolos que vendia essa senhora, de modo a conhecermos mais variedades. Todos muito bons, mas o apfelstrudel continua sendo meu preferido.

A nao ser, é claro, quando eu voltar a Salzburg e puder comer novamente o Salzburger Knockerl: um treco giga, servido só em alguns lugares mais tradicionais, aparentemente delicado de se fazer, que é um sufle doce com geleia de frutas vermelhas no meio, assado. Delicioso. (receita em: http://www.chefkoch.de/rezepte/506841145845046/Salzburger-Nockerl-aus-Oesterreich.html)

Que mais? Tem o castelo, no alto da montanha... Tem pracas lindas... Principalmente a praca em frente à catedral: era tao linda que chegava a doer.

Jardins do tipo frances, com aqueles desenhos nos canteiros, labirintos que escondem palcos com fossa para orquestra para apresentacoes ao ar livre com um que de idade média, rosas vermelhas que brilham de ao vermelhas...

Tudo isso em um dia de Salzburgo. Muito bacana.

A velha Europa é mesmo uma senhora incansavelmente interessante, com mais de mil e uma histoórias para contar.

(fim pegas para um post sobre um passeio kitsch, hehehe)

Um beijo para todo mundo!

J.

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