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domingo, maio 23, 2004

Do Fim De Semana + Do filtro Gnóstico 

Definitivamente tem algo errado (ou muito certo) com a seguinte mistura: (Natália+ Joanna+ Rum Malibu) + (Marcelo+ Steinhagger). As coisas mais bizarras ever acontecem nesses sábados. A começar pelos pós-efeitos, como eu estar aqui postando feito uma alucinada depois de tudo o que aconteceu essa semana, como por exemplo o piripaque hipoglicêmico de quinta de manhã, a histeria intelectual pré-prova de penal, et coetera e tal. Agora vejam vocês o que ocorreu ontem: eu, felicíssima por terem adiado a prova do Galvão e conseqüentemente poder sair no sábado, fui encontrar com Natália no metrô do Largo do Machado. Frise-se que além de ter que explicar pra ela como funciona o ônibus do metrô (Não, amorzinho... Você dá duas notinhas verdinhas de um Real pro tio, ele te leva até o metrô, daí vc coloca o tiquetezinho na roleta e entra no trenzinho, piuí...), a desgraça ainda tem a cara de pau de chegar atrasada. Hunf. Enfim, fomos as duas ao Mega Bambi, que, para os leigos, é a congregação semanal pós ensaio do Crisbel, a banda dos meninos. Estamos lá, aquela coisa mais ou menos, o Marcelo só enchendo a careta de cachaça alemã. Daqui a pouco chegam duas mulheres loucoooonas e nos vemos todos cantando Polegar, Rosana, A-há e tudo mais. (Dá pra miiiim...) Aquele clima meio mais ou menos, mais menos. Eventualmente, o grupo se divide em três: o Marcelo e a Steinhagger vão prum double blind date, que acabou com ele desmaiado, só acordando pra vomitar (Pelo menos, ele acorda pra alguma coisa, hunf) ; Eu, Natália e Paulão vamos ao supermercado comprar Malibu e coca-cola (se vc é do bonde do light, leia abaixo “A Teoria Da Coca Coca Light”). Então, Paulão tem a brilhante idéia de subtrair tic-tacs. Way to go, Pauloooo. Troféu Abacaxi (com menta, no caso). Enfim, estamos na consuetudinária Salinha do Porre, entornando o Rum. Em outras palavras: eu e Natalinha tomando duas gotas de rum num balde de Coca-cola e o Paulão reclamando que tem muita coca no rum dele, enquanto cospe perdigotos refrescantes. Lá fomos nós ao “empório”, e lá teve lugar a Sessão Confessionário Amoroso, que começou com a discussão de dois casos recentes de amigos em comum se fazendo de idiotas e culminou com as confissões pessoais dos nossos heartbreaks. Uma coisa triste, tinha que ver. Só que tava um papo muito deprê e uma friaca power, então nos enfiamos no Empório propriamente dito. O Dj, um café-com-leite tradicional, estava muito ruim nesse dia e tocou todo o repertório corta-pulsos, culminando e terminando com uma do Cold Play que me foge o nome e Fake Plastic Trees. Pra piorar tudo, aquele momento Renato Russo (“ às vezes o que eu vejo quase ninguém vê”) com todos os gringos, playboys e drogadões de plantão conversando alto e animadamente, espremendo-nos, os três no cantinho mais deprimente do Empório ever. Quando o som parou, o barulho irritante da multidão abafou total e completamente três suspiros cabisbaixos. Voltamos, um pouco melhores de respirar aquele ar frio. Não sei vcs, mas, pra mim, frio é o que há. Com chuvinha fininha então... Mas enfim, voltamos à Salinha do Porre e chapamos, eu e Natália, no sofá mesmo. Um puta frio, gente, vcs não estão entendendo, mas quem tinha forças de levantar pra fechar a janela? Nin. Aí aconteceu o fatídico acidente do coma da Natália. Aliás, vcs sabiam que o Kurt Cobain ficou em coma 20 horas da penúltima vez que tentou se matar? Alguma coisa nesse nível, porque acordei (tinha que chegar em casa cedo, né, sabe como é, General Mami ia me comer com batata frita), chamei a coisa, nem sinal de vida. Chamei de novo, já temendo o pior e ela responde com um leve ressonar ( ta bom, foi um roncão mesmo, vai), que afastou meu medo dela ter tido um treco. Futuquei, nada. Fiquei muitíííssimo sem graça, então saí de fininho. Pronto: presa na portaria, por dentro, sem a chave. O pânico por pouco não declarou estado de sítio na minha cachola, enquanto acordava o prédio inteiro esmurrando a porta e apertaaaando a campainha. Meus nós dos dedos estão vermelhos! (Pequena digressão: por que a junta chama nó? Ta mais pra “roldana ideal”, não?) Pois bem, ou melhor, pois mal, a criatura narcoléptica neeem virou de lado. Chamei o zelador, mas ele leva seu descanso semanal muitíssimo a sério, aparentemente. No fim, chamei o Marcos, um cara da Telemar que atualmente mora numa cabaninha em frente ao prédio da Nat. Expliquei a situação e ele foi muito legal, pegou meu cartão e dirigiu-se prontamente ao orelhão, imbuído da missão de me libertar do castelo da bruxa madrasta malvada. Nem os dois telefones tocando sensibilizaram a princesinha mais egoísta e mimada do reino. Marcos, meu amigo, deixa uma mensagem no celular. Discutimos o assunto e chegamos à conclusão de que já que eu tinha acordado o prédio todo mesmo, devíamos chamar um vizinho. Salva pelo vizinho, apertei a mão de Marcos, contendo minha felicidade e vontade de dar um abraço nele (Vivi, essa é pra vc!). Vcs não estão entendendo a angústia de ficar existencial e logisticamente entalada em um não-lugar, entre dois lugares! Escrevi até um poema sobre isso, abaixo, pra vcs terem uma noção. E olha lá que eu tenho uma puta vergonha dos meus piegas, digo, poemas. Tirem minha exasperação por aí. Cheguei em casa, muito melhor, pq andar de ônibus sempre me permite viajar em paz pela via-láctea. Dormi duas horinhas. Nesse ínterim, Natalíssima acorda, vê a mensagem e me liga, preocupada, acho eu (e espero eu). Meu irmão grunhe pra ela “Irmã- dormir” e ela diz que vai ligar depois. Daí eu acordo, como omeletes, estudo TGP atéééé nove da noite, quando a chegada precoce de Mamis de Marica interrompe meus estudos. Daí a Natália interrompe a interrupção (so tipical of her...) e me liga enquanto estou carregando sacolas, agora veja você. E aqui estou eu, mais verborrágica que nunca. Parece até que estou Sugar Happy, mas não, só chupei Chicletes Trident (pra variar) hoje. Rum Malibu, para nós, abstêmias, é como a Poção dos Gauleses: duas gotas, dois dias!

Segunda parte: Do Filtro Gnóstico
E a minha viagem no ônibus de hoje foi a seguinte: que a coisa que eu mais devo me concentrar para desenvolver consciente e racionalmente é o filtro gnóstico. Gnose significa conhecimento, ou seja, eu assim chamarei doravante o seguinte fenômeno: quando vc consegue filtrar as palavras do outro baseado no que sabe sobre seus atos e personalidade. Porque afinal palavras são só palavras. As primeiras impressões, as declarações, a simpatia fabricada artificial, o modo standard-cliché de se comportar ao conhecer alguém novo, tudo isso tem que ser filtrado gnosticamente... Ih, começou Queer Eye! Whatever, era isso aí. Deu pra entender?

Linha Pontilhada 

"Toda a angústia do mundo/
Concentrada, multiplicada,/
Pelo fato de que o que somos/
E tudo o que somos, eu digo,/
Ser medido pelo outro./

Angústia infinda, fluida,/
De então não pertencer a nada/
Nem a ninguém,/
Nem mesmo a si mesma./

Linha pontilhada, limite só,/
Limite duplo do que não é,/
Linha que não contém nada,/
Nem mesmo está contida./

Espaço, sem endereço,/
Só vazio, entre portas,/
Entre grades, entrementes,/
Sem identidade, invisível./

Sem poder sair de si,/
Sem ser nada em si,/
Nem em nota nenhuma,/
Nem numa notinha de jornal./

Se é alguma coisa,/
É só o que não é,/
Entre os que são,/
Quem é são, então?"


(Ode aos 57 minutos presa na portaria da casa da Natália, enquanto essa $#@*!& dormia e o mundo todo ignorava minha angústia de não poder ser nem não ser, de não poder sair nem entrar. Se eu um dia quiser descrever minha vida já sei que metonímia vou usar.)

sexta-feira, maio 21, 2004

A Teoria Da Coca Light, Positivada, At Last! 

_“Step out of the line!/ Like a sheep runs from the herd/ Marching out of time/ To my own beat, now/ The only way i know!”


Todo mundo já viu essa cena e todo mundo já fez a mesma coisa, porque não há escapatória. Beleza é sempre relativa, a cintura sempre pode aumentar. Todo mundo já parou pra pensar, por um motivo ou por outro, pelo menos por um período, na frente do prato de comida: será que estou comendo demais? Veja bem, questionamento muitíssimo oportuno, que significa que sua cabeça está funcionando, pelo menos um pouquinho. O problema todo, aliás, é quando a cabeça funciona só um pouquinho. Só um pouquinho é toda a merda do mundo. Por quê? (pergunta você que não pensa só um pouquinho – frise-se a falta de vírgula) Bem, porque é melhor não pensar nada, ficar inocuamente vegetando, que pelo menos não prejudica ninguém. Manjas aquela “não vai ajudar, então não atrapalha”? Pois bem. O cara do só um pouquinho acha que pensou pra cacete, que a idéia dele é o máximo e pior que tudo, quer discutir. Quer saber diferenciar o cara burro do cara que acha que não é burro? O burro responde só coisas do tipo: “Ahã”, “Nossa, é mesmo”, “Pô, nunca tinha pensado nisso”. O cara que acha que não é burro vai soltar a bomba, não vai notar o silêncio constrangedor que se seguiu, vai te olhar assustado quando vc começar a contra-argumentar e vai ficar dando uma de toureiro verbal, ou seja, vai se esquivar do seu argumento, usar como desculpa uma psedo-abstração irritantemente clichê, e não adianta que a criatura ficará rodando sem sair do lugar. Todo mundo também já teve que aturar uma mala dessas, situação já deveras aborrecedora, agravada pelo teor etílico do sangue e pela gama odorífera da cavidade bucal do indivíduo. Se o sujeito estiver querendo te pegar então, fudeu. Corra para o banheiro, utilize a técnica Smallville (Sambári sêêêêiiiivi mííííí!!!!) ou faça como eu: use um cartier. Homem não sabe a diferença entre cartier e aliança. Se souber, vc pode relaxar. Mas voltando à questão nutricional, é óbvio que em algum ponto da sua vida vc vai começar a questionar (mais ou menos seriamente) as convicções da geração anterior e vai se tocar que existem metabolismos e metabolismos. Em outras palavras, tem aquele tipo de gente que come pra cacete e não absorve nada e aquele tipo de gente que engorda só de olhar pra comida. É claro, também, que extremos como esses são rarésimos, não me vem com essa não. O nosso corpo, como o de qualquer animal, tende a absorver recursos alucinadamente, com medo de algum estado de carestia total e armagedônica, mais ou menos como todo estado-unidense. Já viu como cachorro tem que fazer dieta? Pois é. Não era pra gente estar comendo miojo, big bob nem brigadeiro. Que fazer, nós, Homo come sapiens, que descobrimos o segredo da Ambrósia, mas nos recusamos a subir escadas? Bem, a resposta de 99% da sociedade judaico-cristã ocidental capitalista globalizada é Coca-cola light. Você come muito mais coisas que seu organismo necessita, muitíssimo mais do que pode processar e para acabar com a culpa, o que faz? Coca-cola light. Que praga. A coca-cola light é um ícone dessa porrrrcaria de mundo pós-moderno, do pensar só um pouquinho: não é legal comer coisas muito calóricas, então... vou beber coca light! É como sumir com o cadáver, enfiar um viciado no manicômio, ou seu filho no psicólogo: é um paliativo pra culpa. Resolveu alguma coisa? Você conhece alguém que emagreceu só porque passou a tomar coca-light? Não, sério, pense comigo: se eu como diariamente N calorias, incluindo o diabo do refrigerante vermelhinho, se eu passo a tomar só coca-light, consumirei (N-X) calorias. Assim, emagreceria certo? Certo, se vc é da turma do só um pouquinho. Acontece que além de não ajudar, o trequinho ainda atrapalha, porque corta a culpa, ou seja o mecanismo contemporâneo de equilibrar a gula com a vaidade, forças motrizes humanas igualmente fortes, que tornam a resultante vetorial nula. “Mas coca light tem ZERO calorias!!!” gritam as histéricas-da-esteira. E daí, sua anta, e daí? Não muda nada, no fim das contas, nada! Aliás, muda sim. É ícone dessas nossas manias: a de supersimplificar tudo; a de ter uma opinião pré-razão, não só não racional como irracional; a de querer colocar a culpa em algum fator externo; e a de nos eximirmos de qualquer grau de auto-crítica. Explicando: supersimplificamos os problemas, no caso, a nossa má alimentação, que nada tem de simples, como absolutamente tudo na vida (aí vem aquele momento preguiça metal total, atoleiro intelectual). A opinião não-racional todo mundo tem, afinal homem nenhum é sempre racional, até porque se assim se considerar nada tem de racional e muito provavelmente está querendo te converter pra alguma seita, te vender enciclopédias Barsa ou é o sujeito do cartier, supra citado. O problema todo é ser irracional, ou seja, quando confrontados com a racionalidade, adotamos a postura do “é mais seguro aqui dentro do armário”, nos tornamos irracionais, negando tanto a racionalidade do outro quanto nossa própria capacidade de evoluir. Ficamos no só um pouquinho. A mania de querer colocar a culpa no outro é uma face daquela nossa tendência infantil de responsabilizar o outro por todos os fracassos, os dele, os coletivos e os nossos. Pô, muito chato ter que se descobrir errado, dá muito trabalho mudar o que já é. É uma merda? Não importa, é mais fácil que tentar novamente. É o tipo de gente que quando está jogando vídeo-game e “morre”, escolhe “No” quando surge aquela telinha “Continue?”. Quer as coisas como são, porque sim, porque quer. Esse tipo de gente ainda dorme com ursinho, na cama da mamãe, de dedo na boca e fralda, que final levantar pra ir ao banheiro dá muito trabalho. Por último, a que resume tudo, a nossa máxima tendência a não analisarmos nossa própria conduta. Não estou te ouvindo, lá lá lá lá lá – láá... Depois disso tudo, se você é daquela turma do só um pouquinho e está pensando “PÔ! Mas o que que ela tem contra a coca light?”, eu tento mais uma vez: a coca-light é só um símbolo, uma representação metafórica da nossa babaquice colossal e concretada. Simboliza aquela nossa velha tendência diuturna a continuar fazendo o errado por ser mais cômodo, sem se preocupar com as conseqüências, para si e para o mundo. Não conseguimos nem parar de tomar a porra da coca light, que fará resolver algum problema sério. Aquela babaquice de emputecer qualquer um, de ficar olhando um monte de gente morrer e não mexer uma palha, por ser mais cômodo. De alemão deitar na rede e botar walkman pra não ouvir Aushwitz, de estado-unidense apoiar invasão no Iraque e depois ficar chocado com onzes de setembro, de brasileiro achar Duque de Caxias o máximo depois da campanha no Paraguai. Aquela nossa velha tendência de seguir o rebanho. Sabe um lemingue? Um lemingue é um bichinho parecidérrimo com um hamster, só que maiorzinho. O lemingue é famoso por seus “suicídios” em massa, quando eles migram, porque se os da frente escorregam e caem num desfiladeiro, cai todo mundo. Juro, todo mundo vai junto. Lembra daquele joguinho, “Lemings”? Então, meu bem. “Continue?”.

Haiku do Shopping Center 

Muitas,
Mui tais,
Todas elas.




domingo, maio 16, 2004

É, Doutor, uma tartaruga. Onde é que eu assino? 

Bem, hoje é domingo, e como todo domingo, meu post de hoje é esquizofrênico, ambíguo e paradoxal. É quase como aquela Dominatrix disse, em entrevista à Carta Capital: a coisa mais estranha que acontece nas casas de dominação, mesmo para ela, uma dominatrix experiente e acostumada a ver que o homem (nem adianta, meninas, nós também estamos enquadradadas nesse “homem”) gama se é maltratado e gosta mesmo é de apanhar, era ver coisas como uns negões que pediam pras meninas usarem uns capuzes KKK. Que essa era a parte mais estranha, na opinião dela. Bem, de repente a gente deva ler Sartre pra entender. A frase de abertura do livro dele, ampliando-se o foco para todas as facetas humanas, é que só há luz porque há escuro, só há direita porque há esquerda. É por essas e outras que eu digo e repito: viva o cinza, viva o desbotado. Aliás, é minha cor favorita: cor de camisa favorita. Aquela desbotada, que era preta, agora é um cinza perto do grafite, uma coisa que não dá pra descrever. É cor de camisa favorita. Mas voltando, desafio alguém a achar uma verdade que não seja um paradoxo. Ten bucks. Por isso, eu, a rainha do paradoxo esquizofrênico univitelino, hoje vou postar em duas partes: primeiro, Becky, minha personalidade florzinha, assim batizada pela Mariana (que deus a tenha); depois, Donovan, minha personalidade cicatriz, assim batizada após leitura do “Comic Book”, livro que o Gustavo me emprestou. Com vocês, Rebecca Goldstein Rockefeller-Hilton, the second.
A noite de ontem mais hoje de manhã foi uma coisa absurdamente boa. Natália e Marcelo, quando se juntam, é daquelas misturas onde um mais um é mais que dois, onde o total é maior que a soma dos elementos. Gente, que coisa. Ou melhor, como diria Cecília, Gééééntiiii! No começo, pra ficar melhor ainda, tinha Mérel de cereja nesse sorvete. Vou te contar, sabe aquele tipo de gente que vc não conhece direito mas sabe que vai dar certo? Infelizmente, a pilha dela estava fraca dessa vez e ela foi embora antes de ver o Malamed. Mas enfim, no começo eram as trevas, ou seja, as pessoas estavam assistindo basquete americano. Puta que pariu, que saco. (Intervenção Involuntária da Donovan,, doravante IID). Mas logo alguém (eu!) fez uma intervenção radical e aproveitando um controle deixado de bobeira no meu lado, o dedo já foi logo pro GNT, depois pro Multishow... Géééntiii, estava passando aqueles filmes pornôs pra meninos católicos de 12 anos, ou seja, muito ruim! Primeiro tinha um bolo de loira alisando uma loira-rainha, no centro da colméia, ou de um rebanho, como preferirem (momento National Geografic). De repente, todas vão embora! Ficamos uns dez minutos rindo, ahahaha, a loirona peidou! Gente, sabe filme de terror que é tão ruim q vc fica rindo? Tava nesse nível. Depois que todo mundo foi embora e ficamos só eu , Natália e Celo, aí o besteirol dominou total. Vááárias musiquinhas do fundo do baú, bater papo e falar merda até 5 e meia da manhã... Depois, ir pra praia, mais besteira, o bêbado vendedor de amendoim consuetudinário e o caboclo albino, gente, que figuras. Café da manhã no Bar Ipanema, mais uma hora e meia de papo jogado fora na pracinha. No meio da pracinha tinha um monumento ao fundador do Mundinho no Brasil, um fulano lá que “deu pelo Brasil na guerra”, cercado por vários negões acorrentados. BTW, Marcelo vai na festa do fetiche na terça, os possíveis interessados podem se inscrever pela internet. Um cachorro chamado George, o Republicano (ele ficava dando volta nos arbustos foreeeever, muito burro, vesgo e tinha uns olhos vermelhos... borracho total...) Nesse momento, Barzila já tonta de sono manda a piada: Qual é o nome do novo correspondente do NYT no Brasil? E fica hooooras rindo sozinha, até que nós dois conseguimos a convencer a contar o final da piada. Ela vira, toooda vermelha e grita, abrindo os braços: Johnny Walkeeeer! Mais meia hora de riso bobo... Cantamos o mamute no meio da pracinha, com coreografia e tudo. Depois, eu e Barzila ensaiamos nosso momento Hollyday on Ice, “patinando” na areia da pracinha, que tinha um laguinho com patinho, que serviu de nosso O Lago Dos Cisnes. Depois dessa, minha filha, pra The Nutcracker virar um chute no saco foi um pulo. Literalmente. Viva a bobeira! Viva o Mamute, viva!
Agora, é a vez da Donovan: Vou falar da parte ruim disso tudo, que é quando termina. Quando termina a felicidade da bobeira matinal do Sábado, vem a porra do domingo e a consciência do ambiente. Só de Ipanema até o Flamengo, eu e Marcelo contamos 14 posteres do Van Helsing, só do nosso lado da rua, contra dois do Tróia. Se vc levar em conta que o Tróia teve que bancar uma fortaleza cenográfica, uma pá de figurantes, armaduras e o escambau, mais o Brad Pitt de mini-saia, vc vai logo sacar que esse Van Helsing é ainda muito pior do que vc achava quando lia o sub-título “o caçador de monstros”. Tá mais pra caça-níquel. Chega-se em casa às dez da manhã, mais um dia de garrafa térmica de café estudando que nem uma débil mental. Realmente, me sinto uma débil mental, primeiro porque quanto mais eu estudo, mais complicada fica a situação; quanto mais grupo de estudos, menos certeza de alguma coisa. Pra completar, aquela sensação de estar fazendo papel de idiota ali estudando, nesse mundo de merda, com essa mentalidade de merda. Quanto mais eu subo, mais longe eu fico, mais tudo me dói... De que adianta? Por mais que eu tente, por mais que minha não-bunda fique ainda mais negativa de estudar seis, sete horas seguidas, só 10% do cérebro é funcional. Quanto mais eu me abro, quanto mais eu me questiono, menos certeza, menos felicidade, mais inquietação. É essa a palavra, inquietação. Uma grande Amiga uma vez me disse que tinha medo de mim, medo dos meus rompantes violentos de oralidade bombástica. Isso foi há quase um ano atrás, mas me afetou muito mais que um tapa na cara. Eu fico até hoje remoendo essa frase, me controlando, me forçando a abrir os braços. Aí acontece um daqueles momentos em que vc quer morrer e vc quer matar ao mesmo tempo, quando volta aquela sensação de “why do I give valuable time to people who don´t care if I live or die? Why do I smile at people who I´d much rather kick in the eye?”. Quando o lado mais forte de repente pisa de botina no que está no chão (“you kick them when they fall down!”), quando um americano humilha um iraquiano, quando um iraquiano decapita um civil americano indefeso, quando um idiota muçulmano atira em famílias israelenses, quando um tanque israelense explode uma vila palestina inteira pra revidar. Quando a classe mais privilegiada vota pela manutenção dessa sociedade de merda, sem chances, sem direito à educação, sem oportunidade de ascensão nem de evolução. Quando uma pessoa cultíssima, interessante e inteligente é capaz de dizer a frase mais idiota, mais babaca e mais preconceituosa da história da humanidade bem na sua cara. Ou quando Monteiro Lobato diz que Modernismo é besteira. Quando médicos hebiatras abusam de seus dopados pequenos pacientes. Pra que eu quero melhorar? Por que não ser mais um merda? Pra que se limpar se o mergulho diário no Mangue é inevitável? Pra que estou eu aqui estudando Direito Penal, pra que compro esses livros de Criminologia? Todo mundo sabe que quem legisla é político, que político aprova o que dá voto, não o que é científico. Pra quê? Pra que escrever certo se o juiz é uma anta? Pra que aprender a tolerar quem continua pisando de botina na minha cara? Por que não ser mesmo uma metralhadora giratória e ligar o foda-se pro mundo? A resposta, pra variar, é tão simples que não satisfaz. Não tem razão, não tem pra quê. Então, se pra ter momentos como os de hoje de manhã eu tiver que manter meu armamento polido, carregado e engatilhado, so be it. Se pra ter carne de tartaruga eu tenho que ter casco de tartaruga, so be it. Se pra continuar amando a vida, o mundo, as pessoas, os bichos, o céu e o mar, eu tiver que ser cínica, cética e hermética, so be it. Se pra conviver eu tiver que manter as pessoas à distância, mesmo que contra a minha vontade, so be it. Se eu tiver que ir pro campo de concentração mesmo sendo atéia, se eu tiver que defender os direitos negros com Helioblock 30, se eu tiver que ser a única vegetariana em aniversário no Porcão, so be it. Se eu tiver que ficar só pra ficar sã, so be it. Se eu tiver que trancar o mundo de fora pra deixar meus quatro Amigos ficar, so be it. Se eu tiver que estudar Penal em vez de dormir no meu tempo vago a semana inteira, so be it. Se eu tiver que perder o sono pra conseguir escrever essa porcaria desse texto, se eu tiver que escrever mil laudas até sair um versinho que preste, so be it. Se para poder tirar minha armadura um pouquinho, de vez em quando, com quem souber não me machucar, significar ter que usá-la dia e noite, so be it. Pode dizer pro tal do Leviatã, pra Murphy, pro Presidente, pra ONU, pro TPI, pro Papa, pro Dalai Lama, pra todos os Deuses Únicos do mundo e do universo: yes, I do. Yes, I do. Onde é que eu assino? P.S.: Apaixonei-me perdidamente por uma entrevista da Playboy com o Marcelo Rubens Paiva. Achei o homem da minha vida. Se alguém tiver o e-mail dele, por favor. Aliás, por favor nada dá certo nessa vida; eu PAGO pelo e-mail dele. Pronto.

domingo, maio 09, 2004

Etiqueta No Dedão 

Já não me importa o mundo lá fora, que nunca veio me salvar. Por que sair agora, justo quando eu quero ficar? No verde tremulante eu acho finalmente o óbvio ululante. Pela primeira primeira vez, o mundo não me decepciona (demais). O Francês me olha e sorri, apoiado na escrivaninha. Encontro no meu dedão aquela etiqueta que me diz que um dia eu já fui minha. Os gritos da vizinhança já não me incomodam mais. A vista da minha janela já não me incomoda mais. A falta da fumaça já não me incomoda mais. O vapor gélido das aglomerações já não me incomoda mais. Ser a única peça que não encaixa em nenhum formato ou cor já não me importa mais. O tilintar médio no meu bolso já não me incomoda mais. A banalidade do mal já não me incomoda mais. A certeza da incerteza já não me incomoda mais. A inseparabilidade dos opostos já não me incomoda mais. Saídas abertas a faca já não me incomodam mais. Mas me incomoda cada vez mais saber que o Francês da minha escrivaninha já sabia há décadas de tudo o que não vai dar tempo de aprender. A lentidão da razão humana, a pequeneza dos nossos sentidos e o egoísmo oleoso que nos impregna me incomodam porque, mesmo agora, ainda me incomodo. É tudo tão frustrante, absolutamente tudo nesse mundo imundo. É frustrante descobrir sua opinião exposta e derrubada, mas é ainda mais frustrante não saber pronunciá-la. Sshhhh, me responde a vida, ventando inválida na vidraça. E minha vida me escorre, se vai, se esvai e eu me sinto tão, tão velha... Velha como se soubesse que logo vou morrer e que, ainda que relativo, para mim, mera mortal, o tempo é irritantemente absoluto. A única etiqueta que se deve respeitar é a de dedão.

Baseado De Fatos Reais 

Uma garotinha pobrinha, estagiária de presídio, fã do Catedral e do Bon Jovi, do Springsteen e do Racionais, professora do cursinho de sua comunidade, ganha uma bolsa pra estudar na PUC, onde é deveras sacaneada dioturnamente por seus cruéis e elitistas colegas. Um dia, no Centro Acadêmico Coronel Antônio Carlos Magalhães, ela conhece uma loiraça de Ipanema, e começa um relacionamento insólito (em todo filme de suspense que se prese tem algum "relacionamento insólito"). Depois de alguns meses, a pobrinha (que se chama Karla Kristina, mas adora o apelido "carinhoso" que a loiraça, Sharon, lhe deu: Carrie) aceita um convite para uma suuuper festa na casa de Sharon. Lá chegando, totalmente deslocada, ela fica lavando a louça na cozinha. Lá conhece a room-mate de Sharon, aquele perfeito estereótipo de suporte de auto-estima de bolso que toda Pop tem: uma menininha de cabelos longos e negros, exceto por uma mecha branca na frente, roupas longas e negras, levemente esfiapadas nas pontas, olhos longos e negros, uma vozinha pequena, que sai em sussurros longos...e negros. Ela, que insiste em ser chamada apenas de "The Journalist", alerta Carrie acerca da personalidade sádica e destrutiva de Sharon, mas Carrie acha que The Journalist está só exagerando, e talvez esteja só com ciúmes e inveja de que tenha aparecido mais alguém que aguente o nível de sacaneação e humilhação necessários pra se conviver com Sharon. Tudo muda quando Sharon a engana com um papo de "Cuba livre" ou "Caaba Livre",ela já não se lembra, e a embebeda. No dia seguinte, ao chegar mais cedo para ajudar a faxineira da PUC, ela descobre o plano maléfico de Sharon de mostrar um vídeo de Carrie bêbada, dançando o "Mamute", em todos os monitores de toda a faculdade. De coração partido (partido mesmo, porque ela o hipotecou à máfia japonesa em troca da libertação de duas imigrantes ilegais que seriam vendidas como escravas sexuais para executivos Republicanos na Tailândia), Carrie corre entre os famosos pilotis, sem saber que isso também fazia parte dos planos da maléfica Sharon, que nessa altura do filme já está feia, com roupas vulgares e maquiagem roxa / pink, e a observa correndo desesperada pelo campus do alto de um dos prédios, enquanto entôa uma gargalhada maquiavélica, fria e calculista, no seu momento barbaric yawp. Enquanto corre, ela não percebe a aproximação de um precipício. As lágrimas lhe escorrem pela face e ela escorre pelo precipício. Enquanto fica pendurada, ela relembra todos os momentos estranhos do relacionamento, decidindo que definitivamente Sharon é um anjo malvado. The Journalist aparece na beira do rochedo, com uma prancheta e uma sacola da Blockbuster debaixo do braço, resolvida a fazer uma entrevista importante com a dependurada. Quando Carrie a vê, justo nesse momento, ela lembra que é acrofóbica, seus dedos fraquejam e ela cai no fundo do rochedo. Seus pedaços ficam tão espalhados que o Reitor organiza um resgate fantasma, envia dois quilos de alcatra moída para a família e desvia a verba do governo e das doações para cobrir o rombo fianceiro em seu Bingo. The Journalist, então, termina seu livro sobre Sharon e a mata, pra dar um toque dramático no fim do livro e alavancar as vendas. Essas pessoas doentes adoram ler sobre suas próprias hipocrisias, ela pensa, enquanto lava o banheiro e pendura o corpo morto num laço de fôrca. A história vai pra primeira página dos jornais, ela vira Best Seller e é entrevistada pela Marília Gabriela. Quando descobre que seu editor ficou com 90% de seu dinheiro, ela exagera nos anti-depressivos e morre de OD (ou pelo menos assim diz a versão da polícia, que curiosamente foi escrita por um delegado muito próximo do editor). No final do filme, Bush é reeleito, o BBB chega à sua 37a. edição e Roberto Carlos é escolhido como embaixador do Unicef. Pronto! Uma história onde todo mundo se fode e morre no final!

sábado, maio 01, 2004

Please, stop now! 

((Para os perdidos na noite sempre mais que suja, esse post é em resposta ao post de 1º de Maio em http://www.fotolog.net/xbolota) ) Primeiro de tudo, vai pra pqp, meu grego lindo, por me fazer quase chorar em cima do teclado! Já declamei e derramei em verso e prosa meu amor por vc. Que morram de inveja todos os homens e mulheres do mundo (e do mundinho), que não existe outro amor como esse, tão desamor, tão desalmado. É por vc que eu queria hoje escrever a coisa mais linda que eu já escrevi, pra conseguir jogar pra fora, pra conseguir escrever de alguma forma o que de forma alguma dá pra descrever. E seria mais ou menos como um sorriso de surpresa, como quando a gente descobre alguma coisa no mundo que não nos decepciona, ou como quando a gente compra um cd sem saber bem o que é, e se descobre descoberto, de boca aberta e lágrima curta, careta e certa, no chão do mesmo quarto de sempre. Seria bem melhor que tudo junto, bem melhor que eu, bem melhor que nós, até, até que nós juntos. Então, é por vc, que hoje meu coração vermelho-seco queria bater mais rápido e mais alto que qualquer outro; é por vc que a minha língua mais que solta, mais sem Papa, queria dizer uma rima que estremecesse o tempo e que invertesse o vento. É por vc que eu agora vomito tudo o que eu sou no teclado, pra tentar te dizer o quanto de mim é vc. Mas, meu querido, vc bem sabe que nada é bem suficiente, nada é suficientemente bom. Então eu só ecôo estrofes já ditas, que nem tenho coragem de tentar falar, como soa heresia ir ver uma banda cover daquela banda que te faz chorar:
“ Eu, que nunca movi uma palha/
Procurei e achei a agulha pra te dar/
Já que tua definição não existe/
Em nenhuma língua que eu saiba falar,/
Então, não digo absolutamente nada,/
Que nada chega à altura do pensamento/
Qualquer palavra dita vai soar errada/
Escuta só os ecos do meu sentimento”. (Olhos De Ver No Escuro)

{{(Vc já roubou a minha fala, já citou a tua música... Vamos ver se dá pra chegar pelo menos perto...)}}
“The passing of time leaves empty lines/
Waiting to be filled/
I´m here with a cause, I´m holding the torch/
In the corner of your room, can you hear me?/
When you´re dancing and laughing and finally living,/
Hear my voice in your head and think of me kindly./
Do you love me like you used to?” (The Smiths, Rubber Ring)

{{(Quanto a esse nosso amor estranho, de beijos de gilete e dedos de alfinete, lá vai: )}}
“Carve your name into my arm/
Instead of stressed I lie here charmed/
'Cos there's nothing else to do/
Every me and every you” (Pla-ce-bo. Ponto, parágrafo.)


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