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sexta-feira, maio 23, 2008

Já que estou nessa onda de violão... 

I DROVE ALL NIGHT
Roy Orbison


C
I had to escape
Bb
The city was sticky and cruel
C
Maybe I should have called you first
Bb Dm
But I was dying to get to you
F
I was dreaming while I drove
Bb C
The long straight road ahead
Uh-huh, yeah
Bb
Could t aste your sweet kisses, your arms open wide
C Bb F
This fever for you was just burning me up inside

Am Bb F
I drove all night to get to you
Dm C
Is that all right?
Am Bb F
I drove all night, crept in your room
Dm C
Woke you from your sleep to make love to you
Bb
Is that all right?
F
I drove all night

What in this world keeps us from falling apart?
No matter where I go
I hear the beating of our one heart
I think about you when the night is cold and dark
Uh-huh, yeah
No one can move me the way that you do
Nothing erases this feeling between me and you





OBS1: Adorava tocar essa música.
OBS2: Eu quero MUITO um cadillac desses.
OBS3: O Roy Orbison não parece o Reginaldo Rossi with lasers?

The in between is mine 

Fazia muito tempo, muito tempo mesmo, que eu não sentava no parapeito e tocava essa música.

E hoje eu vou escrever feio mesmo, cagando para estilo e o caralho a quatro. Vim aqui vomitar. Vou logo avisando.

Well, well. Comecemos. E já que o ponto final desse começo é mesmo vomitar, acho bom começar com um brinde. Um brinde aos velhos tempos. Um brinde ao velho eu, tão ridiculamente sépia - sempre aqui, não importa o quanto eu corra dele.

*suspiro meio irritado*

Tem horas que eu queria que a coisa da tábula rasa do Locke fosse verdade. Que viesse uma versão divindade-mitológica da Judith Butler a la DC comics para me olhar com um raio resetador, arrancar minha alma pela boca e soprar dentro da carcaça limpa "você não precisa de definição, sua pequena idiota".

E só então me jogar de volta em mim. Uma versão melhor de mim. Que não tivesse sempre as coisas que eu odeio em mim.

Quem sabe assim eu não ia sempre me pegar voltando a esse lugar dentro da minha cabeça onde eu só sinto uma patética dor que me arremessa o avesso para fora. Como eu queria que isso fosse só uma fase, uma infantilidade, uma coisa de adolescente. Como eu queria não ter que ficar implorando - ao nada, eu sei que estou implorando ao absoluto nada! - que me devolvesse para mim.

Me devolve para mim, por favor, me devolme para mim, me devolve para mim, devolve, me devolve, me devolve para mim, por favor, me devolve para mim, me devolve para mim, devolve, me devolve, me devolve para mim, me devolve para mim, devolve, me devolve, me devolve para mim, por favor...

Patético, eu sei. Mas há coisas que saber não muda nada.

Como eu queria que fosse culpa do meu relacionamento com meus pais, ou um trauma de infância ou algo assim, palpável, tocável. Menos energia-escura, sabe? Aquela coisa que age no universo inteiro, que derrota a gravidade, que é a maior parte de tudo - mas que ninguém consegue nem ver e não faz a menor idéia do que seja.

Mas se alguém desse reset numa pessoa e ela pudesse mesmo começar de novo, será que haveria algo que continuaria o mesmo?

(Eu sei, eu sei, bocejo, sempre a mesma queda-de-braço cósmica do Heráclito versus Parmênides... Também estou um pouco cansada disso. Só não consigo sair dessa esteira.)

Não sei vocês, mas essa idéia de essência, que as pessoas adoram tanto, é a coisa mais assustadora da existência, para mim. Imagina, que responsabilidade: não basta ter uma essência praticamente invencível, você ainda tem que descobrir que rosto ela tem.

Ou melhor, que rosto você mesmo tem.

E se quer saber, acho que não tem rosto nenhum, no fim das contas, a não ser a colagem dos rostos que a gente acha que acha que tem.

Acho que não haver nada no fim do arco-íris não muda em absolutamente nada a imensidão, a beleza e a incrível melancolia dessa porra toda.

Não sei se o sépia um dia vai finalmente parar de me rasgar. Duvido. Quisera eu.

De qualquer forma, não vejo nenhuma escolha. Mesmo com doutor Winnicott atualizando Freud e o determinismo pessimista emo dele, ainda assim; ainda que um dia eu não seja mais nada do que já fui, vou ter que continuar sendo enquanto eu for, não é mesmo?

E o que eu sou hoje, é isso: uma tristeza cansada. Uma tristeza que é gentilmente sufocante, de uma calma desesperadora, de quem se sente solitário há tempo demais, mesmo quando consegue entender que é assim mesmo, que sempre foi e sempre será - as alternativas são todas falsas. Nenhuma das anteriores - nem mesmo essa.

Cansaço de quem percebe um padrão elegantemente progressivo de ter muito tesão pela vida e mesmo assim cair de joelhos, de tempos em tempos. Até não cair mais. E ponto.



http://www.youtube.com/watch?v=BXISm3JjYU0

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