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segunda-feira, agosto 30, 2004

Campanha Esculacho Já 

Estávamos eu e Dennis assistindo ao chocantemente chocante documentário de terror médico Supersize Me. Se eu fosse melhorar algo, adicionaria explícitas cenas de cirurgia cardíaca, já que a cena da redução estomacal mostrada, por ser daqueles procedimentos videolaparoscópicos, não abre o peito, não serra ossos, não deixa uma imensa cicatriz purulenta pra mostrar no pós operatório, nem nada. Eu faria uma coisa mais Nip Tuc e ainda por cima deixava o sujeito no Miguel Couto, ouvindo as gestantes parindo do lado e os velhinhos arrastando os soros e os intestinos em direção à luz brilhante (a iluminação do câmera, já que luz elétrica lá não tem. Hã? O quê? Céu? Hahahahaha!!!). Mas enfim, lá pelas tantas, um sujeito aparece na telona e relata um momento seu de particular estupefação com o nosso nível diário de babaquice acumulada. Estava ele numa reunião, quando um sujeito começa a pentelhar um outro, fumante, lembrando-o prontamente de todos os informes e desinformes do ministério da saúde, dos conselhos do Dráuzio Varela e da Fernanda Young, que aquilo era um descaramento e tudo mais. O nosso narrador então se pergunta se no futuro não faremos o mesmo em relação aos gordos, gordinhos, obesos e baleias ao nosso redor. Veja bem, eles já são 60% dos americanos. Teoricamente, os yankees podem votar pela criação de campos de extermínio dos palitinhos e magrelas. Eu sou super a favor do public harassment, pelas razões que passo agora a expor. Veja bem o meu caso: vivia eu, feliz e contente no meu bairro pequeno-burguês, cercado por brilhantes montanhas e sob um céu de anil. Isso é, vivia feliz até cerca de um ano, quando venci o provincianismo e comecei a conviver com pessoas de outras localidades. Pois bem, tanto me pentelharam essas pessoas, e tanto fizeram piadinha, e tão repetidamente me sacanearam, que não só meu sonho se rompeu como também gerou-se em mim uma incontrolável vontade de fazer todo o possível para me mudar ASAP daqui. Meus pais não estão ajudando muito, do outro lado, então se alguém souber de um quartinho pra alugar, deixe o contato aí embaixo. Ah, mas voltando: tem que pentelhar mesmo! O quanto eu passei a gastar de passagem, sem falar no dinheiro gasto em outras localidades, comendo e bebendo fora, por exemplo? É ótimo para a economia. A mesma coisa com cigarro, olha só: fora o cigarro em si, já obrigamos o sujeito a comprar balinhas e chicletes, adesivos de nicotina, tratamentos a laser, clareamento de dentes, transplantes de pulmões, xaropes, movimentamos os Fumantes Anônimos por aí afora... Então. Mesma coisa com os gordinhos. Comprar coquetel, roupitchas, diet shake (diet tudo, aliás), coscarque, ab-shaper, instant fat burner, livros-bíblias do Atkins, pagar academia, cirurgia, lobotomia, iadda, iadda... Quantos empregos criados, minha gente, quantos novos ricos empresários, quantas ações de proteção à propriedade intelectual, quantos comerciais, quantas modelos já foram contratadas!!! Uma magavilha. Sou super a favor da pentelhação pública, é ótimo, dá uma porrada na sua auto-estima que é uma beleza. Te proporciona sessões de análise deveras enriquecedoras e tudo mais. Todo mundo deve pentelhar o vizinho, afinal todo mundo tem defeitos, só que tem gente com menos pentelhos incisivos em volta. Eu acho um serviço de utilidade pública. Já imaginou um mundo sem Mc Donald´s? Onde todo aquele pessoal sem nível superior ia arranjar uma graninha?!? E você? Já esculachou alguém hoje?

sexta-feira, agosto 20, 2004

Quinta Ludita 

Eu vivo num lugar mergulhado no passado. Tudo tem cheiro de passado, de velho, de tempos já há muito idos. É quase como um velho baú: as coisas têm um cheiro de velho, uma aparência antiga, um quê quase palpável, ainda que não identificável. Não dá pra dizer exatamente o que é que não está andando certo, mas se tem uma certeza de que alguma das engrenagens está completamente fora do tempo e que o relógio todo está atrasado.Como aquelas vezes que se quer comer alguma coisa muito específica mas não se sabe exatamente o que é essa coisa assim tão específica que não pode ser qualquer coisa; ou quando se tem aquela sensação de ter esquecido algo; melhor ainda, é como quando a gente acorda cinzento, sentindo que alguma coisa está fora do lugar.
Às vezes o asfalto cede em um canto da rua e se pode ver os paralelepípedos do antigo calçamento colonial ou um pedaço de trilho de bonde. Aqui e ali escaparam alguns postes pesadões de ferro, cheios de detalhes e rococós. Os prédios têm tapetes vermelhos e mármores nas entradas, têm elevadores de madeira com detalhes dourados e portas pantográficas, dando a tudo uma atmosfera meio barroca. Garagens não há, mas se prestas atenção, ao lado da igreja sobreviveram aquelas argolinhas de amarrar cavalos (ou escravos, diga-se).
As próprias pessoas parecem paradas no passado, como figurantes anti-naturais de novelas de época. As senhoras usam broches e camafeus. Os velhinhos jogam carteado e gamão nas praças, chamam-se pelas patentes e sobrenomes e usam paletós de tweed com reforços nos cotovelos. Qualquer coisa que cheire diferente do mofo que impregna todo o ar é prontamente repelido como radical e, portanto, violador da ordem pública.
Toda essa turba de sentimentos aflorou ao meu consciente quando cheguei no meu edifício, de porta alta, envidraçada e preta, com suas enormes maçaneta e empurradores dourados, passei pela tapetaria vermelha escada de mármore acima e alcancei o quadro de avisos, onde se lia: “Verificação de Febre Amarela e Dengue”.
Sinto que vou morrer tísica, comendo doces portugueses.

quarta-feira, agosto 18, 2004

Aging in the city 

Ontem foi meu aniversáriô! Almoço com a família, fila na porta do restaurante, meu irmão ainda por cima vestindo a sua camisa de goleiro do flamengo (ew.) POR BAIXO do uniforme do colégio que ele não se dispôs a tirar. Conversas de elevador, piadas de português, esse tipo de coisa, até que deu a hora de ir pro Goethe. A partir de então, que alegre eu fiquei! Saí da sala saltitante para encontrar o Bê e o Felipe, já surpresos com o nível serotonínico absolutamente anormal na minha corrente sanguínea. Fui trabalhar, eles fizeram uma horinha e vieram me buscar pra irmos à pizzaria. Muita gente que eu não via há séculos, que pena que não pude falar mais com todos. Apesar de terem cantado parabéns num certo momento (a despeito de todos os meus encarecidos pedidos) e de algumas pessoas terem chegado já no final, quando sobravam só as pizzas mais... exóticas, digamos assim , apesar desses pequeno probrema, foi muito legal ver vcs. Um beijo para a Merél, que estava internada na cama (com o Zé) e não pôde ir. Um esporro na Bruna, que me mandou uma mensagem fofa, mas não apareceu, apesar da Bibi ter chamado. Uma língua pra Vivi e pra Ciça, que não apareceram mesmo. Pra todas as 21 pessoas que foram, um puta beijo (eu contei, sim). O resto, me aguarde, hã! Sexta feira tem Olga e Bunker, sábado tem ski-o-ass na Barra. (Parabéns pra minha quase irmã Ge, que faz aniversário hoje! Irmãzinha, tudibomprocê blábláblá whatever! Tenhunpedáditordilimãoprocêqui!)

Uuaaahhhhhtenas 

Completo clima de histeria coletiva, está me enchendo o saco. Mas resolvi dar o meu chilique ginástico bianual por aqui: Viva as argolas! Viva as assimétricas! Viva o cavalo (especialmente os cavalos)! Que mané Grael, nem Graal, nem porra nenhuma dessa! Danem-se os enrugadinhos das piscinas que depilam até a traquéia pra nadar mais rápido, danem-se todos os corredores que tomam pau dos quenianos (UI!). Quem quer ver futebol, vôlei, basquete, essas coisas que tem todo santo dia em uns trinta canais da net? Quem lá quer saber as regras do tiro com pistolas de ar 25 metros? Vão catar coquinho! Eu quero é ver as romenas e as chinesas esculacharem as outras equipes! O único crucifixo que vale a pena ver na vida é o do Hamm, que acabou de ser eleito meu American Jesus. Tinha um russo também que eu juro que derretia a Sibéria. Gente, viva as argolas! Viva a Nadia Comaneci, minha ídola de infância! Putz grila, dá até pra sentir o cheiro do pó de magnésio! Ah é, quase esqueci... O solo da Daiane foi foda, aliás a única coisa “foda” da nossa equipe, mas a Romênia... Que dor no peito, mas eu ainda sou mais a Romênia. Eu, se fosse o Oleg, gritava “olha lá o Ceaucescu!”. Pronto, ia ser um tal de romeninha correndo pra tudo quanto é lado! Fora a ginástica artística (rítmica é uó), assisti empolgadamente os nossos conjuntos de hipismo derrubarem tudo quanto é barra, cerca e quaisquer outros obstáculos à vista. De qualquer forma, valeu ver os cavalos mais fooodas... Tinha um anglo-árabe com uma pelagem flea-bitten ma- ga-vi-lho-sa. Eu devo ser a única pessoa do mundo que fica vibrando com pelagem de cavalo... De resto, torço veementemente pela Holanda, que é sem sombra de dúvidas o país mais desenvolvido do mundo, a começar pelo uniforme abóbora, muito mais hype que sharkskins, Herchcovics e o caralho. Que merda que a gente tem tanto português e nem um holandezinho sobrou por aqui pra contar história! Protesto, protesto!

terça-feira, agosto 10, 2004

Come as you are 

Explicando pela última vez: Quem escolher, posta sob um pseudônimo qualquer dizendo qual já foi comprado. Outra coisa: essa lista não é norma taxativa, ou seja, serve somente - SOMENTE! – na ausência de outra disposição entre as partes (você e a livraria, no caso). Então, porra, não vem me encher a porcaria da paciência dizendo que isso é sem graça, uma falta de imaginação, whatever. Taí a merda da lista. Quer comprar o “diário da princesa”? Que que eu posso fazer?

1) Aurora – Friedrich Nietzche
2) Responsabilidade e Julgamento – Hannah Arendt
3) A busca das origens do mal – Ron Rosenbaum
4) O dia em que Getúlio matou Allende – Flávio Tavares
5) O mal-estar da modernidade – Freud
6) A melhor democracia que o dinheiro pode comprar – Greg Palast
7) (Qualquer livro – e isso não é o nome do livro, tá?) - Philip K. Dick
8) Dude, Where is my country? (só serve em inglês, que a tradução é uó)- Michael Moore
9) Temptations of Faust – Evelyn Cobley
10) O universo numa casca de noz – Stephen Hawkins

Agora, nosso Momento Bíblico: 

Matthew 17:15
Lord have mercy on my son for he is a lunatick, and sore vexed: for oftimes he falleth into the fire and oftimes into the water.

sexta-feira, agosto 06, 2004

Enter Snowman 

I look around and I see all these sand castle people. I hide my dirty wings beneath my skin, because they push people away... I tend to love what normality finds repulsive. Even though I wish I was like them, I am not. Not even close. Sand castles are built in a basis of dreams, in a basis of faithfull delay. I am a snowman. I know I am melting as I speak. I know my doom. I can´t even blame a cruel footstep and I am not worthy of a wave; I have to drop myself. More and more I have to shrink my bones to open space for these growing wings that I am hiding. Dark corners seem to me as the confort of friendly arms. I see, all around the five horizons, signs forbidding what has become my very self. I hear laughter and it´s frequency sounds to me like a broken needle inside my brain. Should I open my overcoat, should I lift my sleeves? Would the fingers then stop the fidgeting of my wounds? We all know better. People kick harder when you are fallen. Can´t stop wishing the tears would open a gate back to my hatred, but they just never come, like a bus that forgets you alone amid blades of cold. The familiar directions have grown empty. The familiar voices have grown void. The old answers have become old mistakes. Certainty turned itself into a contract of guilt. My passion became a habit that I fear changing. My path finally revealed itself a circle. My smile is now a command to lift facial muscles. My answers are all simple feedback mechanismis to buy me my next dosis of silence. I need voices around, I wish... I just... I don´t want anything but surround stereo scenario soundtrack. I feel no need of sleeping. I urge to see as many movies and to read as many books as one possibly couldn´t. Can´t someone just knock me down? Or knock me out? My brakes are gone, but I am not broken yet! What´s the point of talking anymore? I see no point in howling to the moon. I am a snowman looking at all these sand castles, so much bigger than me. I am melting, they are standing tall. But I am not going to howl to the moon anymore, because the moon is just a huge amount of sand. Do they even know that? A little sigh and my thoughts go to the icecles melting imponently. I am doomed to go drop by drop. Drop by drop I become something else, undefined. I can´t hide my wings anymore, for my time is sliping under other people´s doors. And as I crawl with my dirty wings away, towards castles also bigger than me, I can hear this red haired lady say the irresistably grasping truth. Hang your pictures on the wall, I have become something none of you want to see. Keep good memories of my heart; It was the best I had... But oh! I would so gladely trade it for a life of sand!

quarta-feira, agosto 04, 2004

Maquiagem Natural 

Não quero hipocrisia sem hipocrisia,
Não quero avatares, não quero sharewares.
Não quero ser leve, interessante e engraçada,
Não quero aumentar meu ibope.

Não quero transparência ridícula e fina,
Não quero co-escrever meu epitáfio,
Não quero me trocar por mentiras,
Não quero colecionar miniaturas.

Não quero minha versão simplificada e publicada,
Não quero conhecer a versão padrão de todo mundo.
Não quero gastar mais tempo com papo de elevador,
Não quero trocar minha criatividade por moeda virtual.

Não quero aproximar respostas,
Nem respostas-para-aproximar.
Não quero amizades instantâneas,
Não quero flertes bidimensionais.

Não quero corpos de propaganda de iogurte,
Não quero humor de colunista de jornal.
Não quero que digam que também sou 100% tudo,
Não quero nada oco pra ocupar meu vazio.

Eu preciso desesperadamente de olhares,
Eu preciso muito mesmo de complicações,
Eu preciso, no fundo, de muitas discussões.
Eu não quero ser um questionário.





domingo, agosto 01, 2004

Concurso "Super Furry Animals"! 

Gente, depois de escrever o terceiro texto auto-analítico baseado na minha relação com meu coelho, recém rebatizado Jean Pierre, resolvi que devo incentivar o mesmo em meus amigos! Escrevam um texto, de qualquer tamanho, sobre sua relação com seu Rottweiller sonâmbulo, seu papagaio careca, seu gato suicida, seu labrador que acha que é o Dogbert, seu peixe filósofo, whatever. Mandem suas cartinhas para jogab@ig.com.br! Descrevam seu lindo bichinho e, de preferência, mandem fotos! Postarei os melhores textos não eróticos aqui. (pensando melhor, postarei principalmente os eróticos).

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